RIO DE
MIM
Olho pelos olhos
Desse rio pardo
Que corre lentamente
Para o desconhecido,
Um rio que corre em mim.
Atiro uma pedra semi preciosa
E quebro o espelho de suas águas.
Lapido seus estilhaços em forma de peixes
E faço um colar
Que adorno
O pescoço da alma amada
E como pingente,
Uma gota de chuva.
Deito suavemente
Sobre os mururus
E vejo o céu passar
Com suas nuvens brancas,
Seus pássaros coloridos,
Seu sol escaldante.
Ao lado passam por mim
Casas de pau a pique,
Barro e taipa
Pintadas a cal,
A tinta d’água
Em cores vivas,
Rosa, azul, verde, amarela, cinza.
Lavadeiras em sua tábuas,
Batem, esfregam, escovam, lavam, torcem
E estendem sobre os muçambês
As roupas dos patrões
Carentes de limpeza.
Moleques despencam
(Feito frutas maduras)
Das árvores ribeirinhas
E um pescador iça seu sustento,
Um velho grisalho afunda
E tira do fundo do rio
A areia lavada.
Silêncio!!!
O sol arranha o céu,
O céu arranha a terra,
A terra arranha a água
Que lava meu último suspiro
E se eu tiver que morrer sufocado
Que seja pelos braços
Desse Rio Mearim que eu amo
E que corre em mim.
Zé Lopes
Do livro “Bacabal Alves de Abreu Souza Silva de
Mendonça e da Infância Perdida”
Nenhum comentário:
Postar um comentário