domingo, 2 de março de 2014

POR QUE BACABAL NÃO PODE SER COMPARADO A BELÉM



Tão cantada e decantada, a chuva é, sem sombra de dúvidas, a atriz, a musa, o tema e origem de tantos contos, poemas, poesias, canções, filmes, crônicas e noticias globais, seja por falta ou excesso. Traçando um comparativo, podemos começar pelo nordeste quando o compositor Venâncio dizia “A vida aqui só é ruim, quando não chove no chão, mas se chover dá de tudo, fartura tem de montão”, ou mesmo na voz do Luis Gonzaga “Espero a chuva cair de novo pra eu voltar pro meu sertão”, o romantismo de Demétrius “Chuva traz o meu benzinho, pois preciso de carinho”, o realismo de Toquinho “Lá fora está chovendo, mas assim mesmo eu vou pra rua, só pra ver o meu amor”, ou no suingue de Jorge Benjor “Chove chuva, chove sem parar”, na viagem surrealista da Gal Costa “Chuva de prata que cai sem parar, basta um pouquinho de mel pra adoçar”, no samba da Beth carvalho “A chuva cai lá fora, você vai se molhar” e até na alegria do irreverente Caetano Veloso “A chuva ta caindo e quando a chuva começa, acabo perdendo a cabeça”.  

Inspirado pelo sucesso desse baiano, é que Bacabal vive dias de profunda desolação, no mais completo abandono e é só cair uma chuva pra trazer de volta mais um fragmento da canção Chuva, suor e cerveja “ Venha, deixa, veja, seja o que Deus Quiser”.  E seja o que Deus quiser. Assim está a terra do imortal padre João Mohana.

Quando a população de Bacabal apostou todas as suas fichas no novo, novo esse que seria o Zé Alberto, pensava-se que se sairia de um regime imposto há 16 anos, para um tempo de sonhos, com empregos, frentes de trabalho, manutenção, organização, boa saúde e tudo mais que merece uma cidade do porte de Bacabal.

Andando há poucos dias, cito aqui o centro da cidade, tive a má sorte de pegar uma chuva, que nem foi tão grande assim, mas os estragos, foram maiores do que o arrependimento da população em acreditar em melhores dias.


Toda unanimidade é burra”, estereotipou esta frase, o jornalista, cronista, escritor, contista e tantos outros “or” e “ista”, Nelson Rodrigues, só que ele não sabia que depois de muitos anos, em uma cidade chamada Bacabal, toda a sua população uníssona, unânime diria em uma só voz “é o pior prefeito que Bacabal já viu”, Zé Alberto contrariou até o imortal Nelson Rodrigues. Essa unanimidade não é burra, isto é, vem outra eleição por aí. "Quem pensa com a unanimidade não precisa pensar" talvez seja por isso que a coisa está assim. Zé Alberto não está pensando.



Fred Astaire Dançando na Chuva
Sei que a população está afinada com o inesquecível Tim Maia e é só abrir um sol pra todos cantarem “hoje o céu está tão lindo, vai chuva” e se for pra dançar na chuva, com esse montão de buracos, é pra morrer afogado.

Se eu contasse, até Fred Astaire me daria razão.

Agora sabe por que Bacabal não pode ser comparado a Belém?

Porque em Belém, muita coisa boa se faz depois da chuva, é romântico e em Bacabal, depois da chuva é isso aí. 



































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