Tão cantada e
decantada, a chuva é, sem sombra de dúvidas, a atriz, a musa, o tema e origem
de tantos contos, poemas, poesias, canções, filmes, crônicas e noticias globais,
seja por falta ou excesso. Traçando um comparativo, podemos começar pelo
nordeste quando o compositor Venâncio dizia “A
vida aqui só é ruim, quando não chove no chão, mas se chover dá de tudo,
fartura tem de montão”, ou mesmo na voz do Luis Gonzaga “Espero a chuva cair de novo pra eu voltar
pro meu sertão”, o romantismo de Demétrius “Chuva traz o meu benzinho, pois preciso de carinho”, o realismo de
Toquinho “Lá fora está chovendo, mas
assim mesmo eu vou pra rua, só pra ver o meu amor”, ou no suingue de Jorge
Benjor “Chove chuva, chove sem parar”,
na viagem surrealista da Gal Costa “Chuva
de prata que cai sem parar, basta um pouquinho de mel pra adoçar”, no samba
da Beth carvalho “A chuva cai lá fora,
você vai se molhar” e até na alegria do irreverente Caetano Veloso “A chuva ta caindo e quando a chuva começa,
acabo perdendo a cabeça”.
Inspirado
pelo sucesso desse baiano, é que Bacabal vive dias de profunda desolação, no
mais completo abandono e é só cair uma chuva pra trazer de volta mais um
fragmento da canção Chuva, suor e cerveja “ Venha,
deixa, veja, seja o que Deus Quiser”. E seja o que Deus quiser. Assim está a terra
do imortal padre João Mohana.
Quando a população de
Bacabal apostou todas as suas fichas no novo, novo esse que seria o Zé Alberto,
pensava-se que se sairia de um regime imposto há 16 anos, para um tempo de
sonhos, com empregos, frentes de trabalho, manutenção, organização, boa saúde e
tudo mais que merece uma cidade do porte de Bacabal.
Andando há poucos dias,
cito aqui o centro da cidade, tive a má sorte de pegar uma chuva, que nem foi
tão grande assim, mas os estragos, foram maiores do que o arrependimento da
população em acreditar em melhores dias.
“Toda unanimidade é burra”, estereotipou esta frase, o jornalista,
cronista, escritor, contista e tantos outros “or” e “ista”, Nelson Rodrigues,
só que ele não sabia que depois de muitos anos, em uma cidade chamada Bacabal,
toda a sua população uníssona, unânime diria em uma só voz “é o pior prefeito que Bacabal já
viu”, Zé Alberto contrariou
até o imortal Nelson Rodrigues. Essa unanimidade não é burra, isto é, vem outra
eleição por aí. "Quem
pensa com a unanimidade não precisa pensar" talvez seja por isso que a coisa está
assim. Zé Alberto não está pensando.
Fred Astaire Dançando na Chuva |
Se eu contasse, até Fred
Astaire me daria razão.
Agora sabe por que Bacabal
não pode ser comparado a Belém?
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