quarta-feira, 10 de abril de 2013

BACABAL@CULTURA.SEM




BACABAL SEGUNDO A POESIA

És bela. não aos olhos do homem
Mas do poeta
Que te viu mato e areia
Enchentes, medonhas cheias
Cercada de vicinais
Império de algodoais
Usinas e arrozais
De verdes canaviais
Enormes babaçuais
De “ais” de tanto sucesso
Do mal chamado progresso
Que te fez selva de pedra
Um pouco de tudo que medra
Pelo tino da grandeza
És hoje uma fortaleza
Altiva e altaneira
Próspera e hospitaleira
Berço de ambição
Busca de solução
És do mundo a primeira
A ter duas padroeiras
Terezinha e Conceição
Que na fé da oração
Te fez tão religiosa
A árvore mais frondosa
Carregada de fiéis
Que ajoelham aos santos pés
Da santa filha da terra
Caminhada que se encerra
Ali na beira da estrada
Onde amanhece calada
E anoitece iluminada
Pela luz que nos permite
Na capela solitária
Pelos devotos de Edite
A milagreira dessa gente
Que de tanta dor não sente
Os cravos do sacrifício
Escravos do mesmo oficio
Da esperança derradeira
Que assim de tão rotineira
A vida perdeu o rumo
Passando fora do prumo
Num vai e vem inconstante
Como a balsa que distante
Só precisa da corrente
Das águas do manso rio
Pra vencer o desafio
E chegar ao seu destino
Pela voz de um menino
Que ali entre biscates
Camelôs e engraxates
Prostitutas, sacoleiras
Vai fazendo a sua feira
Vendendo doces, besteiras
Churrasquinho no palito
Pão doce e picolé
Cocada e sacolé
Quebra-queixo e pirulito
Ganhando a vida no grito
No tum-tum cansado e aflito
Das lanchas, dos batelões
Peões carregando a dor
Nas costas do estivador
Que canta uma moda triste
Para esquecer que existe
O peso de todo dia
Nas cargas dentro da estopa
No suor que encharca a roupa
Roupa que enche a bacia
O fardo da lavadeira
Que n’um tronco de madeira
Com um cacete na mão
Bucha, anil e sabão
Vai lavando a sujeira
Quarando sua canseira
Estendendo sobre as plantas
No sobe e desce das rampas
Por cima do mussambê
Barro, areia, massapé
Pulitrica, cangapé
O prego, o vidro no pé
A arte da meninice
Que aos beliscões de Elisa
E a palmatória de Alice
Aprende o A B C
Soletra o Bê-á-bá
Salteia a tabuada
Traz a lição decorada
Escreve tudo, é só ditar
Que Iranize faz o hino
E os livros de Brasilino
Com seus versos, poesia
Enchia de alegria
Um recital que ensina
A aprender Angelina
A poetisa mulher
E n’um pequeno papel
Nossa Cledy Maciel
Escreve um texto inteiro
Como um verso primeiro
Com carinho, sem igual
Refletindo uma saudade
De uma crescente cidade
 Que se chama Bacabal.
Zé Lopes
Do livro “Bacabal Alves de Abreu Souza Silva de Mendonça e da Infância Perdida”

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