POR
ISSO A VIOLA CHORA
A
MORTE DE DAMIÃO
Calou-se
a voz do repente
Desafinando
a cantoria
O
mote que era alegria
Virou
frase descontente
O
frio que o verso sente
Congelou
a vil canção
E
pra outra encarnação
O
poeta foi embora
Por
isso a viola chora
A
morte de Damião
Fazia
com precisão
As
mais complicadas rimas
Cantando
pelas esquinas
Era
só inspiração
Xaxado,
xote, baião
Trava-língua
e mourão
A
dor corta o coração
Como
um romper de aurora
Por
isso a viola chora
A
morte de Damião
A
voz no rádio, cedinho
Acordava
o sertão
Cantava
“pés a quadrão”
Um
galope redondinho
Feliz
como um passarinho
Que
voa na imensidão
Nos
acordes da canção
Que
viaja mundo afora
Por
isso a viola chora
A
morte de Damião
A
poesia falada
Na
arte do improviso
Era
como um aviso
N’uma
placa de estrada
Muito
bem sinalizada
Indicando
a direção
Que
leva ao coração
Onde
tua lembrança mora
Por
isso a viola chora
A
morte de Damião
O
teu repente na praça
Vai
ficar pra eternidade
A
danada da saudade
Vai
corroer como traça
De
caçador virou caça
Voastes
pra imensidão
E
com grande comoção
O
teu jardim se descora
Por
isso a viola chora
A
morte de Damião
Em
tua terra querida
Com
seus rios e palmeiras
A
tão crescente Pedreiras
Foi
pra ti a tua vida
E
na tua nova lida
Como
na tua canção
Hás
de encontrar com João
E
saberás onde ele mora
Por
isso a viola chora
A
morte de Damião
Do livro "Repente Urbano" de Zé Lopes
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