sábado, 24 de agosto de 2013

BABUGEM



















BABUGEM

Não aceito teu sobejo, tua babugem
Teus restos não quero nem por perto
Olhar pelo olho entreaberto
Roído da cal e da ferrugem.

No estrume que tu deixas ao pisar
Nascem peçonhentos cogumelos
Larvas esmagadas sob meus chinelos
São flores pro teu jardim particular.

Traz o vento um odor estranho
Folhas secas vagam e eu as acompanho
Para ver onde acaba uma quimera.

Passa em silêncio um singular rebanho
Pássaros voejam sob um céu de estanho

E anunciam aos gritos a última primavera.

Do livro "Cèu de Estanho" de Zé Lopes

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