SACRO CANTO
Afasta-me o sol dos raios
violeta
Tão roxo é o céu que ora
violento
Meu crânio gira e descobre
outro planeta
Alimenta-me as tetas, o leite
cinza do cimento.
O olho que absorve o sal do
pranto
Resseca a íris da estrela
imaculada
Um temporal de raios deixa a
aura esbranquiçada
Trazendo à alma a cal, o
corrosivo amianto.
O então sentido horário por
si só desorienta
O tempo que vadia pelas
frestas dos telhados
E as cordas da garganta
vibram a voz enrouquecida.
Levando o Sacro Canto para
longe, além da vida
De óleo ungido os pêlos, a moleira
ressequida
E a ilusão perdida dos
suicidas mal amados.
Do livro "Céu de Estanho" de Zé Lopes
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