“Pela cultura tenho amor,
pela política tenho paixão. Sei que os políticos precisam de alguma forma
resgatar esse débito histórico com os nossos artistas e com a nossa cultura.”.
Poema de cartaz |
CAPÍTULO EXTRA
Paulo Campos e Zé Lopes |
PÃO E POESIA
Zé Lopes, Silvio, Abel e paulo Campos |
A ARTE DA POLÍTICA
Beto pereira, carmem Lopes, Ourinho, Zé Lopes, Louremar e Paulo Campos |
ENTREVISTA
01 - Blog do Zé
Lopes – O
senhor que é poeta, compositor, membro da Academia Bacabalense de Letras
e figura presente em todas as vertentes da cultura. Como vai a administração do
Secretário José Clécio?
Paulo Campos – Na verdade, Bacabal tem um débito histórico com a nossa
cultura. Ao longo dos anos, secretários de cultura, vem erradamente tentando
resgatar isso, geralmente confundindo cultura com festas, festejos e folias.
Não sei se o Clécio é esse cara, mas precisamos que, ao invés dessa velha
política, se faça cultura que fomente cultura, que se trabalhe as edições
fonográficas, as edições literárias, o artesanato, o teatro, o resgate das
nossas identidades culturais, das nossas tradições. Para que isso aconteça é
preciso vontade política, equipe e conhecimento.
02 - Blog do Zé
Lopes – Bacabal
tem uma Academia de Letras e vários literatos bacabalenses, inclusive de
prêmios, são totalmente relegados a insignificância, enquanto há uma política
para que pessoas que nada tem a ver e nada tem haver com a nossa literatura
assumam cadeiras e dizem alguns blogs, que o senhor tentou emplacar do
nome do desembargador Guerreiro Júnior. Isso é verdade?
Paulo Campos – Eu
e o colega Casanova, fizemos o convite ao compositor e escritor Guerreiro
Junior. Como fizemos também, ao escritor professor Zé Carlos e a outros tantos escritores e poetas,
pois entendemos que precisamos fortalecer essa entidade tão importante para a
cultura da nossa cidade. Que os nobres compositores, poetas e escritores venham
se unir a nós, para que possamos ajudar esses dois grandes ilustres,
Casanova e Costa Filho, a carregar esse fardo de letras que é a nossa academia.
Aguardamos ainda a resposta e o material.
03 - Blog do Zé
Lopes – O
senhor já foi vereador por três mandatos, milita na política de Bacabal, tem
visão e o dom da palavra. Na sua opinião, a cidade está no caminho certo e se não tiver,
o que está faltando?
Paulo Campos – Todo
administrador encontra grandes dificuldades. Com a nossa administração não é
diferente, para estar no caminho certo, é preciso ter grupo forte, uma boa
equipe e uma boa assessoria, ter humildade para ouvir e firmeza para mandar.
Acredito que o nosso prefeito irá encontrar o caminho certo.
04 - Blog do Zé
Lopes – O
senhor foi um grande entusiasta da cultura bacabalense, participou ativamente
da Casa de Cultura, das feiras culturais, dos festivais de música, dos grandes
desfiles de carnavais, das ruas de lazer, dos arraiais, do Boi Bacaba, do
projeto Mesa de Bar, Nossa Voz, Os Lamas, dentre outros. Olhando para trás e
vendo que nada disso existe mais, lhe deixa indignado? O que lhe vem a cabeça?
Paulo Campos – Além da grande indiferença política para com o movimento que foi talvez
nosso maior entrave, houve naturalmente ao longo dos anos a dispersão desses
movimentos, muitos membros ativos como produtores culturais, músicos,
compositores, enfim, por motivos particulares como trabalho, família, tiveram
que se ausentar ou abandonar os movimentos, deixando um vazio muito grande.
Segmentos como escolas de samba, grupos de pagode, bumbas bois, quadrilhas, e
outros, acabaram suspendendo suas atividades ou desativados, gerando grande
vazio e um grande prejuízo para nossa cultura. Houve também a falta de estímulo
e investimento para os nossos novos valores, para que preparados pudessem
substituir os que se foram. Então, o que mais nos dói, é ter perdido o que nós
tínhamos sem termos tido a capacidade de preservar ou mesmo de resgatar.
05 - Blog do Zé
Lopes – No
campo político, o senhor foi elogiado por uns e execrado por outros. No campo
da cultura, é público e notório que o senhor não foi bem, já que a cultura
acreditou na sua gestão. Faltou apoio por parte dos governantes?
Paulo Campos –
Logo cedo, descobri um grande amor pela cultura. Mais tarde, fui acometido de
paixão pela política, como nas paixões, na política vivi altos e baixos, tive
encantos e desencantos. Hoje tenho a plena consciência de que
na militância, na luta dos movimentos, pude fazer muito mais pela nossa
cultura, pois no campo político muito pouco pude fazer. Sei que os políticos
precisam de alguma forma resgatar esse débito histórico com os nossos artistas
e com a nossa cultura.
06 - Blog do Zé
Lopes – Sabemos
que o senhor hoje está do lado do prefeito Zé Alberto. Até agora, a gestão dele
não tem agradado. O que o senhor diria para ele nesse momento para reverter
esse quadro?
Paulo Campos – Que tenha humildade para
ouvir, vontade e firmeza para enfrentar. Sei que administrar nunca foi fácil e
nunca será, mas que com um bom grupo, uma boa assessoria, e vontade de
realizar, naturalmente a tendência é melhorar.
07 - Blog do Zé
Lopes – O
senhor é um excelente articulador político, fez um grande trabalho com o Hilton
da Trizidela e por pouco não o elegeu a deputado estadual. Sabendo-se que
é um nome em ascensão na política de Bacabal, e que o Carlinhos Florêncio não
correspondeu, o que vem fazendo a militância em prol do nome Hilton?
Paulo Campos –
Quando rompi com o governo Lisboa para articular a candidatura do Hilton para
Deputado Estadual, eu tinha um projeto que não se resumia só no Hilton. Meu
projeto era construir uma nova força política para se unir as outras forças de
oposição de Bacabal, para juntos enfrentarmos o grupo da situação com uma
candidatura alternativa. Logo após a eleição, o Hilton me procurou dizendo que
era candidato a prefeito, eu tentei colocar que era cedo, que a gente precisava
conversar com os outros segmentos, formar uma grande aliança, ele me respondeu
que o nome era ele e que não abria pra ninguém, ainda tentei argumentar. Depois
dessa conversa, ele nunca mais falou comigo.
08 - Blog do Zé
Lopes – O que
lhe assusta na cultura de Bacabal?
Paulo Campos- É
não ver o que via, não ter o que tinha, ver o passado passar, a memória se
apagar, com a certeza que nenhum registro terá. É ter convivido com Alfredo,
Amâncio, Santo Preto, e não poder ver, ouvir, ler, uma única página sobre suas
histórias. É ter tido tantas alegrias e glórias no nosso carnaval e não ter
nenhum registro fonográfico ou literário das nossas grandes obras. É ter uma
academia de letras com tantos ilustres autores e não ter quase nenhum registro
de suas obras. É ter artistas, artesãos, músicos, pintores, compositores,
enfim, quase todos sem os registros das suas obras. É isso que mais me assusta.
É perder a memória, é morrer sem memória, sem registro do que fomos, do que
fizemos, da nossa história.
09 - Blog do Zé
Lopes – O que
lhe assusta na política de Bacabal?
Paulo Campos.
- Ter que conviver com a idéia das coisas não darem certo, perder
esperança mais uma vez, por isso preciso de alguma forma, mesmo pequeno que
sou, continuar ajudando para que as
coisas dêem certo, buscando sempre uma Bacabal melhor e mais justa, onde
o bem se sobreponha ao mal.
10 - Blog do Zé
Lopes - Bacabal
ainda tem jeito?
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