SONETO PARA MINHA CIDADE
Hoje olho esta cidade nua
Procuro em meus amigos um
alegre passado
Vejo um sofrimento neles
estampado
E as vozes do silêncio ecoam
em minha rua.
Mesmo que a ação do tempo a ti, destrua
Cabe ao próprio homem evitar
a ruína
Fazer do sentimento uma grande oficina
Com ferramentas certas que a
reconstrua.
Sobre a noite cai uma
tristeza
Teus ditos donos cheios de
avareza
Mostram os seus verdadeiros
rostos.
Teus filhos querem só o pão
na mesa
E ter de volta a tua beleza
E ver os teus algozes todos
mortos.
Do livro "Céu de Estanho" de Zé Lopes
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