SER BRANQUELO AGORA É COISA DÉMODÉ
O NEGÓCIO É SER AFRO-DESCENDENTE
Enquanto o Brasil se
organizava
Na intenção de se tornar
grande nação
A mão de obra escrava em
ascensão
Aos poucos seu espaço
conquistava
A Princesa Isabel se
apaixonava
Pelo negro José do Patrocínio
Expondo seu amor e seu
fascínio
Causando inquietude em sua
gente
Ser branquelo agora é coisa démodé
O negócio é ser afro-descendente.
Tão gostoso como o matinal
café
É o açúcar quando vira
puxa-puxa
Brincadeiras infantis da
linda Xuxa
Aos gols marcados pelo Rei
Pelé
Os espirros provocados por
rapé
A pureza transparente do
azeite
A fervura que amarela o
branco leite
Chocolate doce, amargo, frio
ou quente
Ser branquelo agora é coisa démodé
O negócio é ser afro-descendente.
Bafafá, bate-boca, grande
intriga
Esta frase já estereotipada
Que o negro quando não faz na
entrada
Com certeza deixa tudo na
saída
Uma loira quando passa
exibida
Deixa o loiro fazendo
escarcéu
Mas o negão que é de tirar o
chapéu
É mais forte, é mais bonito e
atraente
Ser branquelo agora é coisa démodé
O negócio é ser afro-descendente
Quando no céu o negro São
Benedito
Revelou seus milagres a Santa
Clara
São João tentou sorrir, ficou
de cara
E deixou a causa pra Santo
Expedito
São Jorge diante do Grande
Conflito
Ordenou que o Bom Moisés
abrisse o mar
Pra Jesus na fria areia se
deitar
E ao sol bronzear-se calmamente
Ser branquelo agora é coisa démodé
O negócio é ser afro-descendente.
Para uns, isso foi grande
derrota
Para outros, foi conquista e
sucesso
Uma lei que aprovada no Congresso
Instituiu o sistema vil, de
cota
Só que como uma balela, uma
lorota
Tem clarinho que vive a se
queimar
Pra na hora de fazer
vestibular
Bem dizer que ser da raça é
diferente
Ser branquelo agora é coisa démodé
O negócio é ser afro-descendente.
Do livro "Repente Urbano" de Zé Lopes
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