Dez anos. Dez anos se passaram, e o
cruzeirense, enfim, ecoou o grito de ‘é campeão!'...
Dez anos. Dez anos se passaram, e o cruzeirense, enfim, ecoou o
grito de ‘é campeão!'. Desta vez, sem o Mineirão lotado daquela tarde de 30 de
novembro, quando uma vitória por 2 a 1 sobre o Paysandu garantiu o segundo
título nacional. O terceiro, por sua vez, veio até sem a necessidade do
resultado, já que em meio ao jogo contra o Vitória, em Salvador, Marcelo
Oliveira e companhia souberam da notícia mais esperada das últimas semanas: o
Cruzeiro é oficialmente o campeão nacional de 2013.
Campeonato Brasileiro 2013. Campeonato Brasileiro 2003. Taça
Brasil 1966. A galeria de três títulos nacionais acabou confirmada na noite
desta quarta-feira por volta das 23h, mas não na capital baiana, e sim em
Criciúma, com quase 3.000 quilômetros de distância. A vitória do clube
catarinense sobre o Atlético-PR por 2 a 1, no Heriberto Hulse, assegurou a
taça.
A notícia se confirmou no intervalo da partida no Barradão. Os
últimos 45 minutos, então, foram mera formalidade. Contudo, já sacramentado
como um dos campeões que menos desperdiçaram oportunidades na história dos
pontos corridos, o Cruzeiro presenteou a torcida em Salvador com a 23ª vitória
na Série A: 3 a 1 sobre o Vitória, gols de Willian, Júlio Baptista e Ricardo
Goulart.
O Cruzeiro, na volta dos vestiários, já era o campeão brasileiro
de 2013, independentemente do resultado fora de casa; encerrando um ano
glorioso para Minas Gerais no futebol nacional - iniciado com o título da
Libertadores do Atlético-MG e concluído com a Série A cruzeirense.
Assim como o arquirrival na competição sul-americana, que
apresentou um jogo ofensivo com Ronaldinho, Bernard e Jô, o Cruzeiro se
destacou no Campeonato Brasileiro pelo poderio ofensivo. O time será o primeiro
desde o São Paulo de 2006 a se consagrar campeão com o melhor ataque da
competição. Setenta e dois gols, ninguém balançou tanto as redes quanto o time
de Marcelo Oliveira.
Enquanto se preparava para retornar dos vestiários, o elenco
cruzeirense não escondia a ansiedade pelo término da partida no Heriberto
Hulse. Palmas, abraços e sorrisos se espalhavam entre os jogadores. A
comemoração, contudo, veio um minuto antes do reinício do segundo tempo.
Confirmado o fim de jogo em Santa Catarina, a festa começou no gramado,
enquanto os jogadores do Vitória esperavam o reinício da partida.
A campanha irreparável torna o Cruzeiro 2013, dono de como o
campeão mais antecipado da história dos pontos ao lado do consistente São Paulo
de 2007. Os dois clubes alcançaram a taça na 34ª rodada, com quatro partidas de
antecipação. Marca que sentencia a eficiência da equipe de Marcelo Oliveira,
agora merecidamente registrada nos livros sobre o futebol brasileiro.
Agora, o ex-jogador nascido no Atlético-MG coloca o antigo rival
no topo, e ‘terá o direito' de assinar a sua própria grife de técnico; algo
supervalorizado no Brasil. Enquanto Marcelo comemora o título, outros nomes
consagradíssimos assistem pela televisão a efetivação de mais um nome no grupo
dos inquestionáveis.Em um dos capítulos deste terceiro título nacional, o autor
destacará Marcelo Oliveira. Mesmo sem a grife de muitos concorrentes, o
treinador, que até chegar ao Cruzeiro se destacava por dois vices na Copa do
Brasil pelo Coritiba, se colocou no grupo dos principais treinadores do país
nesta quarta-feira.
O jogo
O Cruzeiro entrou em campo como (quase) tricampeão brasileiro.
Ao menos esse era o ponto de vista da torcida visitante no Barradão, que
recepcionou o time azul com uma festa digna de título. Como o Vitória também
estava empolgado, os jogadores só puderam realmente cruzar os braços - em
protesto orquestrado pelo Bom Senso FC - durante o minuto de silêncio concedido
pelo árbitro Paulo Godoy Bezerra.
Quando a partida começou, o Vitória fez questão de estabelecer a
correria. O time da casa aproveitou o fato de o Cruzeiro já se sentir campeão
para pressionar o adversário nos primeiros minutos de partida. Para vazar o
goleiro Fábio, contudo, restava Escudero, Marquinhos e Dinei ajustarem a
pontaria em suas séries de finalizações.
O volante Leandro Guerreiro até colaborou para o Vitória abrir o
placar. Aos 23 minutos, por exemplo, ele recuou mal uma bola, que foi parar nos
pés de Marquinhos, livre de marcação. O Cruzeiro só não tomou o gol porque
Fábio fez grande defesa na conclusão do atacante. Pouco depois, em nova falha
de Leandro, Escudero arriscou de fora da área e mandou por cima da meta.
As inúmeras oportunidades criadas pelo Vitória não significavam
que o Cruzeiro apenas assistia à partida. Nos momentos em que atacava, a equipe
visitante mostrava que poderia ser letal. Como em um voleio do centroavante
Borges, que passou rente à trave. O jogador chegou a se levantar do gramado com
um sorriso no rosto, pronto para comemorar.
Mas o Vitória ainda era mais presente no setor ofensivo. Aos 30,
Dinei teve a chance de estufar a rede da marca do pênalti. Depois da bela
ajeitada de bola de Juan, o centroavante encheu o pé com gosto, porém acertou a
placa de publicidade. Para os torcedores rubro-negros, o gol parecia questão de
tempo.
E realmente foi. Só que contra o Vitória. Aos 36, Dagoberto fez
bom domínio de bola após lançamento longo e acionou Willian, que invadiu a área
e tocou na saída do goleiro Wilson para deixar o Cruzeiro ainda mais próximo da
conquista do Campeonato Brasileiro.
Os jogadores do time mineiro nem precisariam esperar o jogo com
o Vitória acabar, no entanto, para ratificar o título. No intervalo, eles se
reuniram no vestiário para assistir aos minutos finais do triunfo do Criciúma
sobre o Atlético-PR. Subiram (ou pularam, tamanha era a alegria) no gramado já
como campeões. "Estou muito alegre, mas precisamos pensar no jogo, pois
tomamos um sufoco no primeiro tempo", priorizou o comandante Marcelo
Oliveira.
Seria difícil, contudo, fazer o Cruzeiro encarar o jogo com a
mesma seriedade do Vitória. Apesar de ter voltado a campo com o jovem Everton
no lugar de Egídio, vaiado no primeiro tempo por causa de sua passagem apagada
pelo clube baiano. Do outro lado, Ney Franco reforçou o seu ataque com William
Henrique na vaga de Renato Cajá.
Como era de se esperar, o Vitória tomou a iniciativa de tentar
acuar o campeão brasileiro no segundo tempo. William Henrique criou uma oportunidade
logo em sua primeira participação no confronto. Aos cinco minutos, o gol. Em
uma nova saída de bola errada do Cruzeiro, Dinei recebeu do jogador que havia
acabado de entrar, dividiu com Fábio e conferiu.
O gol do Vitória fez alguns torcedores do Cruzeiro, mesmo com o
título, exibirem feições preocupadas no setor visitante do Barradão. A agonia
com o desempenho da equipe campeã duraria pouco. Aos 25 minutos, quando os
donos da casa reclamavam de impedimento, Dagoberto avançou sozinho pela
esquerda e rolou para Júlio Baptista empurrar para a rede.
Ainda houve tempo para mais. Aos 35, Ricardo Goulart recebeu
assistência de Willian e bateu colocado para sacramentar o resultado positivo
sobre o Vitória. Àquela altura, a torcida rubro-negra já deixava as arquibancadas
do Barradão, enquanto os cruzeirenses se sentiam donos da casa. Até mesmo
Marcelo Oliveira e os seus reservas deixaram de ver a partida para comemorar
nos minutos finais.
Nenhum comentário:
Postar um comentário