BRASÍLIA - Após
mais de três horas de intensos debates e manobras regimentais, o plenário do
Senado decidiu, na noite desta terça-feira, 26, que os parlamentares terão de
revelar seu voto na análise de cassações de mandato e de vetos presidenciais no
Congresso Nacional. Nessa votação, ao todo 58 senadores foram favoráveis ao
voto aberto para essas duas modalidades e apenas quatro foram contrários. Eram
necessários pelo menos 49 votos para a proposta de emenda à Constituição (PEC)
passar.
O texto aprovado
seguirá para a promulgação no Congresso, em data não marcada. A emenda
constitucional vai atingir os condenados no processo do mensalão que, futuramente,
serão alvo de processos de perda de mandato parlamentar: os deputados federais
José Genoino (PT-SP), João Paulo Cunha (PT-SP), Valdemar Costa Neto (PR-SP) e
Pedro Henry (PP-MT).
O presidente da
Câmara, Henrique Eduardo Alves (PMDB-RN), havia avisado que não colocaria
qualquer processo de perda de mandato em votação secreta, derrubada nesta
terça.
Os senadores, no
entanto, decidiram manter secreta a análise de autoridades indicadas pelo Poder
Executivo. Também foi rejeitada uma emenda que discutia a amplitude da medida,
isto é, se ela valeria somente para o Congresso ou para os poderes Legislativos
estaduais, municipais e no Distrito Federal. O Senado vai analisar o que fazer
com essas duas situações: se vão voltar para a Câmara dos Deputados ou ir para
o arquivo.
A decisão de
rejeitar uma PEC do voto aberto irrestrito tinha um objetivo indireto: manter
secreta a votação para se eleger as Mesas Diretora da Câmara e do Senado,
matéria atualmente regulada pelo regimento interno de cada uma das Casas Legislativas.
Senadores
enxergaram na medida uma forma de o presidente da Casa, Renan Calheiros
(PMDB-AL), garantir sua reeleição em fevereiro de 2015. "A grande
importância da autoridade é a autoridade que está na Mesa Diretora",
ironizou o senador Walter Pinheiro (PT-BA).
Batalha. Por mais
de duas horas, senadores travaram em plenário uma batalha regimental. O líder
do PSB do Senado, Rodrigo Rollemberg (DF), que pretendia acabar com o voto
secreto para todas as modalidades, argumentou que, com base no regimento, no
segundo turno de votação de uma PEC, não seria possível apreciar separadamente
cassações, vetos ou indicações.
O presidente do
Senado, contudo, rejeitou o pedido do líder socialista, o que levou a um
intenso debate em plenário. "O que está sendo proposto é um absurdo",
afirmou Renan Calheiros, ao acusar o líder do PSB de tentar, na prática,
impedir que os senadores apreciem separadamente o voto aberto em determinadas
modalidades.
Renan recebeu a
solidariedade de senadores da base aliada e da oposição. "O senador tem
que ser livre e cada um tem que votar segundo a sua consciência", afirmou
o líder do PSDB na Casa, Aloysio Nunes Ferreira (SP). "Eu quero ter o meu
direito de votar individualmente. Eu não quero votar tudo ou nada", o senador
Lobão Filho (PMDB-MA).
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