domingo, 11 de maio de 2014

QUEM VAI ESCREVER POR ESSAS CRIANÇAS




          Pra ver aberrações, erros grotescos, verdadeiros assassinatos da nossa língua portuguesa, é só acessar a internet nas redes sociais, principalmente no Facebook, no agonizante Orkut e principalmente nos comentários dos blogs e mensagens de celulares. 
Essa história de abreviar palavras, pode até servir como subterfúgio, mas não condiz com a realidade, até porque, não são muitos os termos usados por essa grande massa e essa comunicação, digamos assim, virtual, se alastrou de uma forma tão contagiosa, que os maiores estabelecimentos do sul, do sudeste e do Planalto Central, adotaram o tão visado “tablet” como ferramenta de aprendizado em substituição ao livro e ao caderno e conseqüentemente ao lápis e a caneta, assinando de uma vez o decreto que dá fim a obrigação da escrita e não demora muito a chegar por aqui.
E agora, quem vai escrever por essas crianças? Se o incentivo á leitura já era escasso no Brasil, agora com o desincentivo, a coisa ficou pior ainda, pois uma não sobrevive sem a outra e por isso, cada vez mais, iremos ler: “voçê” , “mim dar”, “me dar”, “a gente foi”, “comporam” e tantos outros termos que dariam pra encher paginas e paginas, sem falar em pontuação, concordância, inteiração no assunto e principalmente se  for preciso empregar o plural, aí é que a coisa pega, é um verdadeiro Deus nos acuda e a prova maior disso, foi a repercussão escandalosa nos testes de redação dos últimos ENEMs, onde, por puro desconhecimento do tema e por falta de interesse em aprender, alguns textos traziam receitas de macarrão instantâneo, hinos de clubes e outras discrepâncias.  
Maria de Jesus Neves Carvalho, bacabalense, que foi minha professora no segundo grau e no meu curso de jornalismo, lembro-me, testava a turma com uma frase que tinha que ser pontuada corretamente de acordo com as pessoas da oração onde o testamento de um ricaço dizia:  “Deixo minha herança a meu irmão não a meu sobrinho jamais será paga a conta do alfaiate nada aos pobres”. Coloque-se como um desses sujeitos, pontue corretamente a frase e fique rico,
 O colapso por que passa a nossa língua vem junto com os nossos quinhentos e tantos anos e esse monte de reestruturação da nossa gramática em quase nada mudou, ou melhor, piorou pois pouco se lê artigos adequados à última revisão.
O que diria Ruy Barbosa que ensinou inglês para ingleses? Talvez se perderia diante de tantas regras, muitas desusadas. Errada ou não, nossas crianças estão cada vez mais se comunicando virtualmente e a caneta está cada vez mais esquecida, assim como as agendas, que mofam nas prateleiras das livrarias e andam em bolsos e bolsas em forma de celulares.

Pois é criançada, mesmo escrevendo errado, o importante é se fazer entender, afinal,”herrar é umano” e continuar no erro é politicamente correto, que digam deputados, senadores, governadores, prefeitos, vereadores, ministros e presidenta, E fim de papo.

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