domingo, 18 de maio de 2014

SOPA E POESIA




Recital “Sopa e Poesia”
Por Iraide Martins

Mesmo com todo o toró que inundou a cidade na última quinta-feira, foi realizada mais uma edição do recital  “Sopa & Poesia”, no Restaurante Colher de Pau.
Durante a performance literária, o poeta José Chagas foi homenageado pela poetisa Iraide Martins – ocupante da cadeira 04 da Academia Bacabalense de Letras(ABL) – que inseriu em seu cardápio poético obras do recém falecido escritor  como “O apito do passado”. E ainda: “Só de sacanagem” de Elisa Lucinda e “Qual é a tua cor?” de Lúcide Lago. De sua própria autoria, Iraide recitou “Apelo”, “Mearim”, “A bosta do beco” e “Se não tem rumo, tem rima”.
Da ABL, também se apresentaram com textos autorais “Cristina Baima”, Costa Filho e Zezinho Casanova. Completaram o sarau Irismar Facundes com “Voo do Carcará” de Iraide Martins; o maestro Victor Emanoel (Victor Paraíba) declamou Augusto dos Anjos e Cristina Miranda finalizou reprisando o poema “Apelo”. Na próxima quinta-feira, 22, o sarau será in memoriam do poeta Raimundo Sérgio, cuja performance será organizada pelo seu filho Salomão Duarte.
O projeto “Sopa & Poesia” - concepção de Iraide Martins - realizado em parceira com a Academia Bacabalense de Letras e o Restaurante Colher de Pau, propõe-se a promover as quintas-feiras, o encontro das pessoas que apreciam a arte da palavra, e de cortesia saborear uma sopa quentinha, temperada pela Janete Valéria, sob as bênçãos de Calíope, Erato e Melpômene. É ver, ouvir e conferir.



APELO

RASGA
            o véu das minhas emoções camufladas.
ENCONTRA,
             o inteiro contido nas minhas meias palavras.
AFOGA,
             os Atlânticos e Pacíficos
             que engoli - nem sempre chorei,
             quando não cabia sorrir.
ALINHA,
             as arestas que esculpi
             foram feitas com os sonhos
             que não sonhei
             alguns até esqueci.
SUBVERTE,
              essa minha paz figurada,
              toda essa inércia fabricada.
              Quem sabe assim, nas entrelinhas do que deixei de falar
              consigas traduzir
              num rasgo de poesia
              todo o lirismo
              e o berro retido
              que a minha garganta insiste em fazer calar.


Iraide Martins

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