terça-feira, 5 de agosto de 2014

FOLHAS QUE CAEM VIDAS QUE SEGUEM: EM UMA VISÃO INCLUSIVA E EDIFICANTE DA OBRA




Escrito por Charlene Magalhães Brasil para  Blog Essência de Mim

"Hoje vivo sem estômago e sem vesícula. Essas são as folhas que caem."
Prênteci Veloso

Ao receber o livro das mãos do autor, após a dedicatória com a frase  DEUS É CONOSCO, ele então fez um pedido: "Que a leitura fosse feita com um olhar crítico e que estaria aberto a recebê-las.

Eu, sinceramente, não me sinto preparada e muito menos respaldada para uma análise tão profunda,portanto deixarei aqui a minha impressão e encantamento baseada na leitura do livro.

Enquanto esperava a minha vez  na fila imensa de convidados, tive oportunidade de ler os três primeiros capítulos do livro, e uma coisa me chamou a atenção logo de início, o uso das RETICÊNCIAS.

Considerando  que as reticências, dentro da Língua Portuguesa tem como finalidade indicar que um pensamento ou ideia não foi concluído,  que algo ainda pode ser acrescido ao texto, que a ideia permanece aberta. Isso então me convenceu que, em sua obra, haveria espaço para leitor se incluir dentro dela. Com esta visão e neste intuito tratei de ler todos os demais capítulos.

Segui a leitura, algumas vezes identificando situações bem parecidas, pois minha mãe também enfrentou esta batalha contra um câncer, o diagnóstico; os dias seguintes seguidos de exames e mais exames; você rumou para São Paulo, minha mãe para Teresina; o início da batalha, no caso de minha mãe, primeiro a mastectomia total e só depois a quimioterapia, quatro anos de luta, os últimos dois anos a batalha foi sofrida.

Porém, no capitulo 6 mais precisamente na página 103, parei a leitura e fiz uma viagem no tempo. As brincadeiras de rua: cai no poço, salve latinha, bandeirinha, passa o anel, bom barquinho, boca de forno e as reticências. Nossa, bem que você poderia ter incluído meu nome, caberia bem se juntados aos de Nega, Sande, Lena, Leila, Silvana... e por que não Charlene?! Afinal, essa infância também me pertence. Esse chamamento de PAI, era realmente determinante para o fim de qualquer brincadeira, já o de mãe não. A gente sempre dava um jeitinho pra brincar um pouco mais. Afinal, mãe tem coração mais brando.

Seu livro, nos permite essa inclusão pois suas lembranças também nos remete a esse passado, tão presente e às vezes esquecido.

Deveria ter contado, ás vezes que você repetiu que "O CÂNCER NÃO TERIA PODER SOBRE VOCÊ". Esse seu CRÊ foi determinante para que tua CURA fosse abreviada.

Nos capitulo 8, outro momento de inclusão.  A cena do pai, segurando a mão da filha que agonizava. Lembrei da dor que eu e meu esposo passamos quando no dia 22 de julho de 2011 recebemos a notícia de que minha filha, juntamente com os dois primos haviam sofrido um acidente de moto, que só não foi mais grave dado  a interferência dos seus Anjos da Guarda sob a direção de Deus. Três jovens, em uma moto, sem capacetes se chocam com outro motoqueiro após perderem o controle ao passarem por um quebra-molas. A noticia chegou por volta das 17h. A informação dada foi a seguinte:

- Tayanne não está sentindo as pernas

A mãe interpretou da seguinte forma.

Tayanne está paralítica.

O desespero foi geral, os vizinhos prontamente correram para nos confortar. Atordoados e sem saber o que fazer, fomos orientados a seguir direto para Presidente Dutra, pois ela seria encaminhada pra lá.

Chegamos pouco minutos depois que ela e encontrei minha filha, numa maca, aguardando o atendimento. Seu rostinho completamente desfigurado, no joelho um corte profundo que deixara a mostra a cartilagem e a fratura do fêmur. Segurei as lágrimas para lhe passar segurança. Quando então ela virou, olhou pra mim e com um sorriso no rosto disse -"Oi mãe. Tá tudo bem."

Nossa, eu precisava daquela coragem! Hoje minha filha carrega as marcas das duas cirurgias. Linda como sempre e com a mesma coragem de lutar pela vida, enfim Folhas que caem...

Como se não se bastasse todas essas  lembranças, ainda nos presenteia com um roteiro turístico a viagem Sampa-Rio, acho que vou colocá-lo em meu roteiro de sonhos, só espero que a estrada hoje esteja um pouco melhor que quando vocês por lá passaram. Não abrirei mão de conhecer a Cachoeira da Pedra que Engole, já tomar banho não garanto, não sei nadar e água não tem cabelo. Contentar-me-ei em apreciar a beleza dela ao lado do corajoso que quiser me fazer companhia nessa aventura.

Bem os demais capítulos a história é unicamente sua e de todos os que já passaram por uma cirurgia igual, VIVER SEM ESTÔMAGO E VESÍCULA, adaptar-se a essa nova realidade mas com o coração AGRADECIDO, afinal,  "O CÂNCER NÃO TEVE PODER SOBRE VOCÊ", você venceu a primeira BATALHA e com certeza vencerá a GUERRA.

Concluo meu pensamento seguido pela ... (Reticência)

" Eu fui reduzido a três quarto do que eu era. Mas estou preenchido por Deus." Prênteci Veloso.





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