Candidata negou ter apoiado iniciativas religiosas
em sua carreira política
A
presidenciável Marina Silva (PSB) defendeu nesta quinta-feira, 11, que sabe
separar a sua fé pessoal do cargo na Presidência da República. "A minha fé
eu nunca neguei, nem como católica, nem como evangélica. Não acredito que o
presidente tenha que negar sua fé para ser presidente da República", disse
durante sabatina da qual participa, no Rio.
A
candidata sustentou que, em sua carreira política e como senadora, não apoiou
iniciativas religiosas. "Tenho 16 anos como senadora. Verifiquem quando
usei meu espaço como senadora para promover qualquer coisa contra o Estado
laico", desafiou. Marina argumentou também que não faz perguntas aos seus
adversários do ponto de vista religioso, pois não seria "honesto"
instrumentalizar sua fé.
Perguntada
sobre as erratas em seu programa de governo, com relação à alteração sobre
ampliação do uso de energia nuclear e, especialmente, a mudança quanto ao
trecho que falava dos direitos da comunidade LGBT, Marina reafirmou que foi um
erro de processo, admitido pelos coordenadores de programa. "Os direitos
da comunidade LGBT estão respeitados e assegurados no nosso programa",
disse ao criticar diretrizes de adversários que foram mais superficiais ao
tratar do tema.
Com
relação à adoção de crianças por gays, Marina disse que a questão está
resolvida desde 2010 pela legislação, que tem "um olhar para a
criança". A candidata sinalizou ser favorável ao modelo em vigor, pelo
qual, postulantes à adoção são avaliados por especialistas para verem se estão
aptos à adotar, independentemente de orientação sexual.
Petrobras
A
candidata disse ainda que o País acompanha uma campanha com forte característica
de "distorção e boato". Ela reafirmou, em sabatina no Rio, que sua
posição é de que o petróleo é uma fonte importante de energia para o Brasil e
para o mundo. "Os combustíveis fósseis, principalmente o petróleo, não têm
ainda como serem substituídos. E isso não está sendo dito por mim, mas por
todos os países do mundo."
Marina
voltou a desmentir que seria contra a exploração do pré-sal e afirmar que a
considera uma riqueza importante a ser explorada para alavancar o
desenvolvimento do País. E provocou o governo de Dilma Rousseff (PT). "A
Petrobras estar quatro vezes mais endividada é que está ameaçando a exploração
do pré-sal", disse em crítica à interferência do atual governo sobre a
estatal. Na tarde de hoje, a presidenciável participará de um ato no Rio para
falar de suas propostas para desenvolvimento e energia.
Esporte
Marina
Silva disse querer que o Brasil possa se sair bem ao receber as Olimpíadas em
2016, argumentando ser contra o discurso do "quanto pior, melhor".
"Hoje, infelizmente, está muito aquém", disse em relação à preparação
do País para receber o evento, o que, segundo ela, gera preocupação.
Em
eventual governo, Marina disse que o esporte receberia investimentos como área
fundamental também para alavancar a inclusão social. Questionada se extinguiria
o Ministério do Esporte, dentro de sua proposta de cortar à metade as atuais 39
pastas, Marina não respondeu. "Não vamos fazer de forma apressada a menção
de um ministério se vai sair ou se vai ficar", disse, ressalvando que a prestação
de serviços públicos de todas as áreas é importante para o País.
Desmatamento
Marina
negou que tenha responsabilidade sobre atrasos em grandes obras, como
hidrelétricas, por causa do modelo de licenciamento ambiental que implementou
quando era ministra do Meio Ambiente, entre 2003 e 2008. A ex-ministra lembrou
que, em sua gestão à frente do ministério, foram aprovados, em média, quase 300
licenças por ano, contra cerca de 150 no governo Fernando Henrique Cardoso
(PSDB).
Ela
afirmou que, no período em que foi ministra, houve diminuição significativa do
desmatamento na Amazônia e, ao mesmo tempo, fez-se o licenciamento de obras
complexas, como das usinas de Santo Antonio e Jirau, da BR-163, a
Cuiabá-Santarém, e da transposição do Rio São Francisco. Segundo Marina, essas
obras atrasaram por incompetência do governo.
A
candidata disse não ser contra a construção de Belo Monte nem de Angra 3, no
Rio, apesar de ser politicamente contra a energia nuclear. "No nosso
programa, não estamos questionando o que está em andamento e o que está
implementado", esclareceu. Afirmou ainda que é contra a ampliação da fonte
nuclear na matriz energética, pois ela impõe riscos com relação aos resíduos.
Segundo Marina, o Brasil é rico em fontes alternativas, como bagaço de cana,
energia solar e eólica, além da hidrelétrica, para precisar ampliar o uso da
fonte nuclear.
Mensalão
Questionada
sobre o escândalo do mensalão, que estourou enquanto ainda era ministra, Marina
disse que defendeu o mesmo que defende hoje: que se investigue com rigor.
Marina afirmou ainda que o Brasil já teve vários "mensalões", em
referência aos diversos escândalos de corrupção da história recente do País,
citando inclusive a suspeita de compra de votos de parlamentares para a
aprovação da reeleição no governo de Fernando Henrique Cardoso. "O Brasil
precisa aprender com tudo isso em vez de nos alimentarmos politicamente com
esses erros", afirmou.
Marina
disse considerar que o brasileiro já deu demonstrações de que compreende isso
nas manifestações de rua do ano passado. "Não tinha um cartaz dizendo
''fora, Dilma''", afirmou, ao argumentar que hoje os brasileiros respeitam
as instituições e fazem manifestações verdadeiramente políticas, por bandeiras,
como saúde e educação.
Nenhum comentário:
Postar um comentário