Estudo que leva em conta todas as
candidaturas, de presidente a deputado estadual, mostra partido de Dilma apenas
em quarto lugar
O PT partiu muito atrás dos
concorrentes na busca por dinheiro nesta eleição. Até a semana passada, o
partido da presidente Dilma Rousseff estava só no quarto lugar em arrecadação
de campanha, atrás do PMDB do vice Michel Temer, do PSDB de Aécio Neves e do
PSB de Marina Silva.
Estudo feito por Estadão Dados
e Transparência Brasil com base nos dados do Tribunal Superior Eleitoral (TSE)
mostra que, dos R$ 475 milhões que foram contabilizados pelas campanhas até
sexta-feira passada, o maior beneficiário é, de longe, o PMDB: ficou com R$ 109
milhões, ou 23% das doações feitas até o começo de agosto. O partido, dono da
segunda maior bancada na Câmara dos Deputados e que participou de todos os
governos federais desde o início da década de 1990, é o único dos quatro
líderes em arrecadação que não lançou candidato próprio ao Planalto.
A quantia recebida pelo PMDB é
quase três vezes maior do que a arrecadada pelo PT. Em dinheiro, a diferença
entre os dois partidos é de R$ 74 milhões em favor dos peemedebistas. Vários
dos principais doadores até agora preferiram investir no partido do vice em vez
de no da presidente. Um exemplo é a atual líder nas doações, a gigante
alimentícia JBS. Foram R$ 13,6 milhões para o PMDB até o momento, ante apenas
R$ 5 mi para todos os candidatos e comitês petistas.
Estão computadas no estudo
todas as doações, para todos os cargos, em todas as unidades da Federação,
referentes à primeira parcial da prestação de contas divulgada no site do TSE.
Segundo a legislação, essa parcial deveria informar apenas o que entrou no
caixa até o dia 2 de agosto - ou seja, antes ainda da morte de Eduardo Campos
(PSB) e da entrada de Marina Silva na disputa, quando Dilma liderava as
pesquisas com folga.
Na prática, porém, há doações
mais recentes incluídas nos dados, já que é permitido aos partidos e candidatos
fazerem retificações ao informado anteriormente. O prazo para a prestação de
contas final é 25 de novembro.
Concentração. Apesar de estar
no poder federal e liderar até então as pesquisas ao Planalto, o PT arrecadou
até agora menos da metade do que o PSDB, que ficou com 17% do total. Foram R$
45 milhões a menos. Com apenas 7% do total arrecadado, os petistas ficaram
atrás até do PSB, que conseguiu 8%. Somados, os quatro partidos contabilizaram
mais da metade de todo o valor doado na primeira prestação de contas.
Há outra diferença fundamental
entre as doações para PT e PMDB, além do valor. Três de cada 4 reais
arrecadados pelos petistas foram diretamente dos doadores para os candidatos,
fruto do esforço individual de cada um. Apenas 25% foram para comitês
partidários e para a direção do partido, antes de serem redistribuídos. No
PMDB, as doações são muito mais centralizadas, na proporção oposta às para o
PT: 3 de cada 4 reais passaram pelos cofres dos diretórios e comitês do partido
antes de chegarem às mãos dos candidatos.
Bancada. O eventual desejo dos
doadores de mudar a distribuição de poder transparece quando se compara o valor
arrecadado pelo PT com seu peso na Câmara. O tamanho da bancada federal de cada
partido é o critério usado para dividir o tempo de propaganda eleitoral na TV e
para dividir o dinheiro do Fundo Partidário. O PT tem o maior número de
deputados federais, mas acabou entre as quatro siglas que menos arrecadaram até
agora em proporção às suas bancadas na Câmara: apenas R$ 390 mil por
parlamentar. Ficou no nível do PRB.
O PMDB e PSDB, segundo e quarto
partidos com a maior bancada, estão entre os cinco líderes na razão entre a
arrecadação e o número de deputados. Os tucanos receberam R$ 1,8 milhão para
cada representante na Câmara, quase cinco vezes mais que os petistas. O
primeiro lugar é do PEN, partido com apenas um deputado federal, mas com
arrecadação de R$ 2,4 milhões na campanha até o momento.
Nenhum comentário:
Postar um comentário