Apesar
da expectativa crescente, a presidente Dilma Rousseff só deve anunciar
ministros da sua nova equipe a partir da próxima quarta-feira, quando se espera
que sejam indicados os titulares do Banco Central e dos Ministérios da Fazenda,
do Planejamento, do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior e da
Agricultura.
Duas fontes do
governo disseram nesta sexta-feira à Reuters, sob condição de anonimato, que
essa é a previsão feita pela presidente. Segundo essas fontes, o time da equipe
econômica vai ser formado por Joaquim Levy, Nelson Barbosa e pelo presidente do
BC, Alexandre Tombini. Não souberam esclarecer, porém, quais cargos eles devem
assumir.
Uma das fontes
afirmou que a "tendência" é que Levy seja escolhido ministro da
Fazenda.
A senadora Kátia
Abreu (PMDB-TO) será anunciada como titular da Agricultura e o senador Armando
Monteiro Neto (PTB-PE) será o novo ministro do Desenvolvimento, disseram as
fontes.
Dilma passou o dia em
reuniões para definir alguns nomes do seu ministério de 39 pastas e havia
expectativa de que os novos integrantes da equipe econômica fossem anunciados
nesta sexta-feira, após o fechamento do mercado.
A explicação dada
pelas duas fontes para não anunciar imediatamente a equipe econômica é que o
governo decidiu aguardar a aprovação no Congresso do projeto de lei que amplia
o abatimento da meta de superávit primário.
Uma das fontes
argumentou que Dilma quer que os novos ministros assumam sem ter que dar
explicações sobre "os problemas fiscais de 2014".
Uma
sessão da Comissão Mista do Orçamento (CMO) está marcada para a próxima
segunda-feira para votar o projeto. Se aprovado, ainda terá que ser analisado
pelo plenário do Congresso (que reúne Câmara e Senado). Uma sessão está
prevista para terça-feira, mas para analisar vetos presidenciais.
A aprovação da
matéria até quarta-feira, no entanto, não é simples, porque os partidos de
oposição já anunciaram que irão obstruir as votações.
A outra fonte disse
também que até quarta-feira podem ser feitos "ajustes finos" na
decisão. Segundo ele, pode ser, por exemplo, que até quarta já sejam definidos
alguns postos de escalões inferiores na Fazenda, como o secretário do Tesouro
ou de Política Econômica. A fonte, porém, não tinha detalhes.
EXPECTATIVA FRUSTRADA
Desde o início do
dia, a expectativa, inclusive entre auxiliares da presidente, era que Dilma
anunciaria ainda nesta sexta a nova equipe econômica.
Os mercados
financeiros reagiram bem aos nomes de Levy e Barbosa, com dólar e juros
recuando e Ibovespa subindo mais de 5 por cento.
Pela manhã, a
presidente se reuniu com o ministro da Casa Civil, Aloizio Mercadante, que tem
acompanhado todas as negociações sobre as mudanças na Esplanada dos
Ministérios.
A presidente também
conversou com o ministro interino do Desenvolvimento, Indústria e Comércio
Exterior, Mauro Borges. As duas reuniões ocorreram no Palácio da Alvorada.
Por volta do
meio-dia, Dilma foi para o Palácio do Planalto, onde se reuniu com o ministro
da Fazenda, Guido Mantega, e com o ex-secretário-executivo da pasta Nelson
Barbosa, que vai integrar a nova equipe econômica.
Como a presidente
passou o dia em negociações para mudanças nos ministérios, havia expectativa
que ela divulgaria ao menos os nomes da nova equipe econômica nesta sexta.
Contrariando as
expectativas, porém, Dilma pediu que sua assessoria informasse oficialmente que
não seriam anunciados ministros nesta sexta.
Segundo uma terceira
fonte ouvida pela Reuters, estaria definido que Tombini permanecerá à frente do
Banco Central. Já o destino de Levy e Barbosa nenhuma das fontes quis
assegurar.
Levy, que atualmente
comanda o Bradesco Asset Management, braço de gestão de ativos do Bradesco
(BBDC4.SA), foi secretário do Tesouro Nacional na gestão de Antônio Palocci na
Fazenda, no primeiro governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
O economista Nelson
Barbosa foi secretário-executivo do Ministério da Fazenda, tendo Mantega como
chefe.
Diante da preocupação
em sinalizar mudanças na política econômica, também tem circulado dentro do
governo a possibilidade de o atual diretor de Administração do BC, Altamir
Lopes, assumir o Tesouro Nacional no lugar de Arno Augustin.
(Com reportagem
adicional de Luciana Otoni e Alonso Soto em Brasília e Patrícia Duarte, em São
Paulo)
Nenhum comentário:
Postar um comentário