Parte do time campeão brasileiro em 2010 pelo
Fluminense, o atacante Rodriguinho comeu o pão que o diabo amassou durante
aquela campanha. Apesar de fazer gols e sofrer pênaltis importantes, ele nunca
conquistou de fato a torcida, devido à sua irregularidade. Durante o torneio,
viveu um jejum de gols ao lado de Washington, e foi vítima de uma ação
bem-humorada da torcida que até hoje leva na memória.
Após uma derrota para o Cruzeiro, na qual ele e o
atacante Washington desperdiçaram uma infinidade de chances, a dupla de ataque
tricolor foi colocada à venda no site Mercado Livre em uma promoção:
"Pernas de pau: pague um e leve dois pelo valor de R$ 1,99", dizia o
anúncio. Dava até para dividir em 12 vezes de R$ 0,20.
Quatro anos depois, o episódio ainda arranca
risadas do jogador.
"Foi complicado (risos)! A gente não foi bem
no jogo, e no dia seguinte falaram pra mim: 'Rodrigo, olha lá na internet'.
Eu e o Washington estávamos sendo vendidos por R$ 1,99 (risos)! Comecei a rir,
e o pessoal no clube tirou muito sarro. Levamos na brincadeira, e conseguimos
apagar esse negócio durante o campeonato com boas atuações e o título",
recordou.
Na campanha da taça, Rodriguinho disputou 26 jogos
e anotou cinco gols, dois deles muito importantes, contra Vitória e Grêmio
Prudente, e levantou o caneco no fim do ano. No entanto, seguidas lesões
atrapalharam a continuidade de sua trajetória no Fluminense. Nos anos
seguintes, foi emprestado para Atlético-PR, Portuguesa e Avaí antes de deixar
as Laranjeiras.
Foi aí que viveu maior aventura de sua vida.
Recebeu uma boa proposta do Jeju United, da Coreia do Sul, e resolveu arriscar,
mesmo sem nem falar inglês, muito menos coreano. Lá, viveu na menor ilha do
país, que tem praias paradisíacas. No entanto, a língua tornou-se uma barreira
complicadora, já que sua família não conseguia nem fazer compras no mercado.
"Eu tive que me virar... Aprendi a cozinhar
forçado, ligava o Facetime e ficava pedindo para minha esposa me ensinar
a fazer as coisas, enquanto eu fazia a comida. No fim, acabei não aguentando
muito tempo na Coreia. Eu tinha medo de comer carne de cachorro (risos)! As
comidas tinham um gosto estranho, ate achei que era, mas o pessoal falava que
não entrava carne de cachorro... Mas vai saber...", relembrou.
Ex-office boy
Nascido em Santos, Rodriguinho tentou a sorte no
futebol na equipe da Vila Belmiro e também na Portuguesa Santista. Após não
conseguir se firmar, foi procurar serviço, e acabou contratado como office
boy em uma ótica, aos 17 anos.
"Agradeço muito ao 'seu' Wilson e à dona
Carmem, que eram donos da ótica em Santos. Eles sabiam que eu adorava futebol e
que tinha saído da Lusinha porque tinham acabado com o time de base. Daí fui
trabalhar de office boy, enquanto ia fazer testes nos clubes",
contou.
Um dia, foi aprovado, e deu início à carreira
profissional. Na base, atuava como lateral, depois passou para o meio-campo até
se tornar atacante, posição na qual se firmou. Passou por muitos times até
chegar ao Santo André, em 2009. No ABC paulista, apareceu para o Brasil, ao ser
vice-artilheiro do Paulistão de 2010, no qual o "Ramalhão" foi
vice-campeão, perdendo a emocionante final para o Santos de Neymar, Ganso e
Robinho.
Acabaria contratado pelo Fluminense, e vivendo
altos e baixos nas Laranjeiras. Após o episódio do R$ 1,99 e a passagem pela
Coreia do Sul, voltou ao Brasil no ano passado, para jogar pelo Linense. Sem
muito sucesso, voltou a uma casa conhecida, o Santo André, que o acolheu bem.
Novamente no ABC, ele vem correspondendo com gols.
Atualmente, é o vice-artilheiro da Copa Paulista, com 10 gols, apenas um atrás
de Henan, do São Bernardo. Sua equipe está na final, contra o Botafogo de
Ribeirão Preto. O primeiro duelo da decisão será neste domingo, às 10h (horário
de Brasília), com Rodriguinho em campo.
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