Pelo menos
seis quilos mais magra e energizada pela retomada das caminhadas, a presidente
Dilma Rousseff assume nesta quinta-feira, dia 1º de janeiro, seu 2.º mandato
enfrentando um cenário político e econômico bem diferente e bem mais desfavorável
em relação àquele que recebeu das mãos do ex-presidente Luiz Inácio Lula da
Silva, em 1.º de janeiro de 2011.
Com um governo mais Dilma e menos Lula, que
estará presente para avalizar a “afilhada”, a presidente reeleita fará no
discurso de posse uma defesa do ajuste fiscal e vai reiterar sua disposição de
combater ininterruptamente a corrupção, pedindo empenho conjunto de todos
contra os malfeitos e as irregularidades.
Dilma
também vai, segundo assessores do Planalto, prometer mais crescimento da
economia, muito antes do que os “pessimistas imaginam”. Vai argumentar que os
ajustes são necessários em 2015, mas que tudo será feito sem traumas, sem se
afastar “um milímetro” da promessa de assegurar e ampliar as conquistas sociais
obtidas nos últimos 12 anos.
Dilma fará dois discursos na solenidade. O
primeiro, no Congresso, após o juramento de posse. Este será mais extenso e
mais detalhado, mas não menos político. O segundo, no Parlatório, de frente ao
público que estará prestigiando sua posse na Praça dos Três Poderes, será uma
espécie de mensagem à população sobre seu 2º mandato. Os dois textos, no entanto,
ainda estavam sendo ajustados e alterados pela própria presidente, que só
deverá finalizá-los a poucas horas da cerimônia, que terá início às 14h40.
Nos discursos, a presidente quer deixar claro
que vai governar para todos e que quer o bem estar da população, ressaltando
que pretende ampliar e avançar as conquistas do seu governo. Dilma vai lembrar
a sua condição de mulher, agora reeleita, e exaltará a “sólida democracia” do
País. Além de se referir à importância da estabilidade econômica e política e
de reiterar promessa de levar adiante a reforma política, Dilma falará da luta
renovada por justiça social, igualdade de oportunidades e compromisso com a
ética.
Petrobrás. Ainda não estava
definido como e se haverá referência à Petrobrás, que mereceu destaque em seu
discurso de diplomação dia 18 de dezembro, no Tribunal Superior Eleitoral
(TSE). Em 2011, Dilma usou parte de sua fala no discurso de posse para exaltar
a estatal na descoberta do pré-sal, quando chamou a companhia, hoje alvo de
denúncias na Operação Lava Jato, de “símbolo histórico da soberania brasileira
na produção energética e do petróleo”.
Na posse anterior, Lula esteve ao lado de
Dilma e lhe entregou a faixa. Desta vez, um lugar no salão nobre foi destacado
para ele, entre o novo governador do Distrito Federal, Rodrigo Rollemberg
(PSB), e o ex-presidente José Sarney, na primeira fila dos convidados
especiais.
Só que, no Planalto, as apostas são de quebra
de cerimonial, com Lula tendo lugar de destaque ao lado de Dilma, em muitos
momentos da cerimônia no Palácio. Apesar de estar no 2.º mandato reduzindo o
espaço dos lulistas e prestigiando os dilmistas, a presidente reeleita terá,
mais uma vez, de conviver com seu mentor e padrinho político, que demonstra
disposição de querer voltar em 2018.
Convidados. Depois de desfilar
em carro aberto na Esplanada dos Ministérios e fazer o juramento no Congresso,
Dilma subirá a rampa do Planalto e será recebida por 800 convidados que estarão
no salão nobre, prestigiando a solenidade de posse. Entre as autoridades
presentes estarão dezenas de chefes ou vice-chefes de Estado, como o
vice-presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, além de presidentes da América
Latina. No interior do Planalto, no entanto, estarão três mil convidados
prestigiando a segunda posse de Dilma.
O cerimonial do Planalto destacou 48 cadeiras
especiais para as “Donzelas da Torre”, amigas da presidente Dilma Rousseff que
estiveram presas, a exemplo dela, durante quase três anos, no presídio
Tiradentes, em São Paulo. O local recebeu o nome por abrigar presas políticas
do regime militar. Dilma, a exemplo da posse no 1.º mandato, quis local de
destaque para as antigas companheiras.
o
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