A
lista de detentores de American Depositary Receipts (ADRs) da Petrobrás, nos
EUA, que aderiram à ação judicial coletiva entregue na última sexta-feira à
Corte de Nova York contra a estatal petrolífera, mostra que os nove maiores
acionistas reclamam perdas que podem atingir, pelo menos, US$ 500 milhões.
A petição entregue pelo escritório americano Wolf Popper, em conjunto
com o brasileiro Almeida Advogados, foi assinada pela Union Asset Management
Holding AG, Handelsbanken Fonder AB, Ohio Public Employees Retirement, Public
Employee Retirement System of Idaho, Employees Retirement System of the State
of Hawai, Universities Superannuation Scheme Limited, Skagen AS, Danske Invest
Management A/S, Danske Invest Management Company.
Eles afirmam que
tiveram perdas superiores a U$ 50 milhões, cada. A ação judicial coletiva, ou Class
Action, teve início no ano passado. A primeira audiência será no dia 9 de
março, em Nova York.
“O esquema de lavagem
de dinheiro e suborno foi estimado em R$ 10 bilhões ou cerca de US$ 4,4
bilhões. Além de altos executivos da Petrobrás, o esquema ilegal de suborno e
de propina envolveu políticos e um grupo de, pelo menos, 16 empreiteiras que
formaram um cartel que assegurou que os seus membros iriam ganhar grandes
contratos da Petrobrás”, diz a petição.
O documento destaca
que a prisão de executivos da estatal, por suspeita de corrupção, e admissões
de que a empresa pode ter de ajustar suas demonstrações financeiras provocaram
a queda nas ADRs da Petrobrás.
Entre os investidores
com maiores prejuízos, o Universities Superannuation Scheme (USS), fundo de
pensão de professores e pesquisadores do Reino Unido, argumenta que teve
prejuízos de US$ 84 milhões aplicando em bônus e ADRs.
Já a gestora Skagen,
da Noruega, e o Danske Bank, da Dinamarca, reclamam até US$ 267 milhões. Outros
dois fundos da Europa criaram um grupo, com perdas de US$ 46,2 milhões. Além
dos europeus, um grupo de fundos de pensão de servidores dos Estados de Ohio,
Idaho e do Havaí reclama até US$ 127 milhões.
COMISSÃO ESPECIAL DA PETROBRÁS INVESTIGA DADOS DE DOIS MIL FUNCIONÁRIOS
Dois mil funcionários da Petrobrás estão na
mira das investigações de um possível esquema de corrupção na petroleira.
Empregados com acesso a informações dos projetos denunciados na Operação Lava
Jato tiveram computadores e celulares apreendidos pela auditoria interna
liderada pela ex-ministra do Supremo Tribunal Federal (STF) Ellen Gracie.
A ex-ministra faz
parte de uma comissão especial, formada pelo novo diretor de Governança
Corporativa, João Elek, e pelo alemão Andreas Pohlmann, que foi responsável
pela área de controle interno da multinacional Siemens após denúncias de
pagamento de propina por parte da empresa europeia.
O trabalho da
ex-ministra foi apresentado pela primeira vez ao conselho de administração da
Petrobrás na reunião da sexta-feira. À cúpula da estatal, a comissão especial
revelou que conseguiu salvar informações que podem levar ao dimensionamento do
estrago da corrupção na empresa e à identificação dos envolvidos. Por utilizar
métodos científicos, o trabalho poderá ser usado em juízo.
O
primeiro passo da comissão foi impedir que informações fossem apagadas. Um
funcionário em cargo de chefia, que pediu para não ser identificado, disse que
homens de terno buscaram computadores e celulares sem aviso prévio na sede da
empresa, no centro do Rio.
Coletados os
arquivos, o foco será a comprovação da veracidade das informações usadas no
balanço financeiro de 2014. A Petrobrás corre contra o tempo para divulgar o
resultado e evitar o pagamento antecipado de dívidas. A ideia é rastrear dados
falhos e conferir credibilidade aos números que serão apresentados à empresa de
auditoria PricewaterhouseCoopers.
Intermediação. A comissão especial
da qual Ellen Gracie faz parte também faz a intermediação da estatal com dois
escritórios de advocacia – um brasileiro e outro dos Estados Unidos –
contratados pela companhia para ajudar a calcular os prejuízos provocados por
superfaturamentos de projetos.
BENDINE GANHA DO BB APOSENTADORIA ‘CHEIA’
O
novo presidente da Petrobrás, Aldemir Bendine, deixa o comando do Banco do
Brasil com aposentadoria calculada com base no salário mensal de R$ 62,4 mil,
embora as associações de funcionários e aposentados do maior banco do País
sejam contrárias ao que chamam de “aposentadoria cheia” – na qual se somam aos
vencimentos benefícios como férias e vale-alimentação.
A prerrogativa de se
aposentar por essas regras não é exclusiva de Bendine, mas foi adotada em sua
gestão. Outros 20 executivos recebem dessa forma. Ivan de Souza Monteiro, novo
diretor da petroleira, também reúne idade e tempo de contribuição suficientes
para se aposentar com base no salário cheio de R$ 55,8 mensais que recebia como
vice-presidente.
A Superintendência
Nacional de Previdência Complementar (Previc), xerife do setor, considerou que
caberia ao BB – e não à sua caixa previdenciária, a Previ – assumir a diferença
dessas aposentadorias maiores.
Para a Associação
Nacional dos Funcionários do Banco do Brasil (ANABB), as “superaposentadorias”
são indevidas. “Eles não poderiam fazer a contribuição sobre seus honorários
brutos porque contêm o empilhamento de verbas de benefícios que o plano não
admite. Esses valores são considerados no cálculo das aposentadorias, o que não
é permitido para os demais funcionários”,disse Fernando Amaral, vice-presidente
da associação.
A origem do imbróglio
remonta a 2008, quando, para cumprir exigências da Comissão de Valores
Mobiliários (CVM), o BB decidiu que os executivos passariam a receber
honorários em vez de salários. Para calculá-los, o banco somou tudo que
qualquer funcionário recebe durante o ano (salários, comissões, 13.º, férias,
abonos, licença-prêmio, auxílio-alimentação, etc.) e dividiu por 12.
Limite. Para manter a
isonomia entre a cúpula e os servidores, o conselho deliberativo da Previ
aprovou, em abril de 2008, que os executivos poderiam contribuir sobre o mais
alto salário de empregado do banco (R$ 37 mil mensais em valores de hoje). Essa
medida, referendada pela diretoria executiva do BB, foi retirada em 2010, sob a
gestão de Bendine. Com isso, os executivos puderam contribuir com base nos
honorários brutos e, dessa forma, incrementar as aposentadorias.
Para a Previc, a
direção do BB não poderia voltar atrás. A autarquia exigiu, em junho de 2013,
que o banco colocasse limite nas aposentadorias da alta cúpula, sob pena de
intervir no fundo de pensão. A exigência gerou uma disputa no governo que opôs
os Ministérios da Fazenda e do Planejamento ao da Previdência.
Procurado, Bendine
disse que o BB responderia em seu nome. Em nota, o banco informou que “as
normas vigentes nunca estabeleceram um teto”. “O posicionamento do Banco do
Brasil tem por base o Estatuto da Previ, que estabelece a equivalência entre as
contribuições realizadas e os benefícios a serem pagos aos aposentados.” Previ
e Previc não responderam até esta edição ser concluída.
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