quinta-feira, 5 de março de 2015

CRISE - DILMA SE REÚNE COM TEMER PARA CONVERSAR SOBRE ARTICULAÇÃO COM CONGRESSO




Em meio a crise política que assola o Congresso e às vésperas da divulgação da lista dos nomes envolvidos na Operação Lava Jato pelo Supremo Tribunal Federal, a presidente Dilma Rousseff chamou nesta quarta-feira, 4, o vice-presidente Michel Temer para uma conversa, em seu gabinete, no terceiro andar no Planalto.

Dilma queria ouvir de Temer como estava o PMDB depois do gesto inesperado do presidente do Senado, Renan Calheiros, na terça, que devolveu a MP das desonerações ao Planalto, sinalizando que o governo enfrentará problemas para aprovar o ajuste. A conversa durou cerca de 45 minutos e os dois falaram sobre o cenário. Apesar dos problemas do PMDB com o governo, a sinalização é de que os dois continuam caminhando juntos e tentando construir o caminho para manter a governabilidade.

Paralelamente ao encontro de Dilma com Temer, os ministros-chefe da casa Civil, Aloizio Mercadante, e o ministro da Secretaria de Relações Institucionais (SRI), Pepe Vargas, fizeram novas pontes com Congresso. Mercadante conversou com o presidente da Cãmara, Eduardo Cunha, e Pepe com Renan Calheiros, agora, no final da tarde, no Senado.

Pepe Vargas disse que Renan falou de suas preocupações e disse que "ele é o presidente do Senado e quer preservar independência do Senado, que acha importante manter e acha que para pactuar melhor com o PMDB tem de ser mais ouvido em torno de alguns ações que o governo adota".
Segundo Pepe, Renan disse que "é preciso construir condições para desobstruir as pautas". Não há previsão de um encontro ainda entre Dilma e Renan.

JANOT PEDE ARQUIVAMENTO DE INQUÉRITO CONTRA AÉCIO, CITADO POR YOUSSEF
 
O procurador-Geral da República, Rodrigo Janot, pediu o arquivamento da investigação envolvendo o presidente do PSDB Aécio Neves, citado em delação do doleiro Alberto Youssef. No depoimento ao qual o Estado teve acesso,  Youssef, um dos principais delatores da Operação Lava Jato, afirmou "ter conhecimento" de que o senador Aécio Neves (PSDB-MG), na época em que era deputado federal, estaria recebendo recurso desviados de Furnas "através de sua irmã". 

A Procuradoria entendeu que as informações reunidas sobre o presidente do PSDB não são suficientes para que ele seja investigado, por isso sugeriu ao ministro Teori Zavascki o arquivamento da denúncia.

O termo de colaboração número 20, que registra confissão do doleiro no fim do ano passado tem como "tema principal: Furnas e o recebimento de propina pelo Partido Progressista e pelo PSDB". Além de Aécio, também são citados o ex-deputado José Janene (PP, morto em 2009) e o executivo Airton Daré, sócio da empresa Bauruense, que foi prestadora de serviços para Furnas. 

O doleiro disse que recolheu dinheiro de propina na empresa Bauruense cerca de dez vezes. Em uma delas, o repasse não foi feito integralmente e faltavam R$ 4 milhões. Youssef afirmou aos investigadores ter sido informado de que "alguém do PSDB" já havia coletado a quantia pendente. 

Indagado pelos procuradores, Youssef declarou não ter conhecimento de qual parlamentar havia retirado a comissão, mas afirmou que o então deputado federal Aécio Neves teria influência sobre a diretoria de Furnas e que o mineiro estaria recebendo o recurso "através de sua irmã", segundo o texto literal da delação, sem especificar a qual das duas irmãs do senador ele se referia. O delator disse ainda "não saber como teria sido implementado o 'comissionamento' de Aécio Neves".

Na delação, o doleiro descreve que de 1994 a 2001 o PSDB era responsável pela diretoria de Furnas. Yousseff declarou que recebia o dinheiro de José Janene nas cidades paulistas de Bauru e de São Paulo e enviava o valor para Londrina ou Brasília. 

O doleiro disse ainda que os diretores da Bauruense poderiam fornecer mais informações sobre a diretores de Furnas e declarou ao MPF ter conhecimento de que há um inquérito sobre a empresa de Bauru no Supremo Tribunal Federal.

Aécio disse hoje que não tinha conhecimento sobre o teor da acusação contra ele e que o arquivamento é "uma homenagem" da PGR.

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