A
ex-presidente da Petrobras Maria das Graças Foster afirmou em depoimento à CPI
na Câmara, na tarde de ontem, quinta-feira, que o esquema de corrupção que envolveu a petroleira
acontecia fora da companhia e que, por isso, acredita que os mecanismos de
controle internos não conseguiam detectar as irregularidades.
"Eu chego a
admitir nos meus sentimentos que, como acontecia tudo fora da Petrobras, nossos
recursos internos não conseguiam investigar isso", afirmou ela aos
parlamentares.
Graça Foster, como
prefere ser chamada, destacou que nem órgãos de controle brasileiros, como
Tribunal de Contas da União (TCU) e Controladoria-Geral da União (CGU), nem a
auditora PricewaterhouseCoopers (PwC) identificaram corrupção.
"Eu entendo que
os órgãos de controle melhoraram a nossa gestão, mas eu pessoalmente entendo
que o descobridor da corrupção foi a polícia", disse a executiva à CPI da
Petrobras, frisando que desvios de dinheiro também não foram detectados pela
empresa.
Segundo ela, a
operação Lava Jato da Polícia Federal "muda a Petrobras para melhor".
Ela lembrou que,
devido às revelações, a empresa está aprimorando práticas internas de
governança.
"A Operação Lava
Jato está ajudando o país, não tenho dúvida disso."
Em seu depoimento, a
ex-executiva comentou ainda que se apresentou a CPI da Petrobras anterior,
realizada no ano passado, "com muito mais coragem que hoje".
Isso porque, naquela
época, segundo ela, "poderiam ter todas as suspeitas, mas não tinham os
fatos que têm aí (atualmente) para serem apurados".
Já são réus no
processo judicial três ex-diretores da estatal (Paulo Roberto Costa, Nestor
Cerveró e Renato Duque), além do tesoureiro do PT, João Vaccari Neto, e diversos
executivos de empreiteiras que tinham contratos com a Petrobras.
A ex-presidente, que
começou como estagiária na estatal, disse estar envergonhada da situação da
empresa.
"Eu tenho
efetivamente um constrangimento muito grande de olhar para vocês, mas estou
sendo muito sincera", afirmou.
Graça Foster, como em
outras oportunidades, destacou nesta quinta sua relação pessoal com a
Petrobras, relatando toda a sua carreira técnica desenvolvida na petroleira.
"Gostaria que
tudo isso fosse mentira, que não tivesse propina nenhuma", afirmou a
ex-presidente, quando questionada sobre as suspeitas de corrupção envolvendo a
obra do Gasene.
Outras obras, como a
da Refinaria do Nordeste (Rnest), também conhecida como Abreu e Lima, também
são investigadas pela operação Lava Jato, que apura o esquema de pagamento de
propina com recursos de licitações fraudadas na estatal, com envolvimento de
políticos, empreiteiras e ex-diretores da petroleira.
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