A
presidente Dilma Rousseff convidou na noite de ontem, segunda-feira, 6, o titular da Aviação
Civil, Eliseu Padilha (PMDB), para assumir a articulação política do governo,
em mais uma tentativa de fechar acordo com o partido aliado para aprovar o
ajuste fiscal. A intenção de Dilma é mexer no ministério de modo a contentar
tanto os peemedebistas da Câmara quanto os do Senado, onde o Palácio do
Planalto mais tem enfrentado dificuldades para aprovar no Congresso as medidas
do ajuste fiscal.
O
convite para que Padilha entre no lugar de Pepe Vargas (PT) na Secretaria de
Relações Institucionais foi feito após a posse do ministro da Educação, Renato
Janine Ribeiro. Dilma estava ao lado do vice-presidente Michel Temer quando fez
a sondagem, sob o argumento de que precisava da “experiência” do peemedebista
no Planalto.
Ex-deputado
e ex-ministro dos Transportes de Fernando Henrique Cardoso, Padilha disse que
estava “à disposição” do governo, mas nada foi fechado ali. A cúpula do PMDB
começou a discutir a troca de cadeiras na noite de ontem, em jantar no Palácio
do Jaburu. Dilma vai reunir hoje os líderes aliados na Câmara e no Senado, além
dos presidentes de partidos da base, para pedir ajuda na aprovação do pacote.
Hoje, PMDB e PT são os que mais têm feito críticas às medidas.
O novo formato do “núcleo duro” foi planejado pela presidente para acalmar um grupo do PMDB e não mexer no ministro do Turismo, Vinícius Lages, afilhado político do presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL). Desde que Dilma aceitou indicar o ex-presidente da Câmara Henrique Eduardo Alves (PMDB-RN) para o Turismo, Renan ampliou as retaliações ao governo no Congresso.
O novo formato do “núcleo duro” foi planejado pela presidente para acalmar um grupo do PMDB e não mexer no ministro do Turismo, Vinícius Lages, afilhado político do presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL). Desde que Dilma aceitou indicar o ex-presidente da Câmara Henrique Eduardo Alves (PMDB-RN) para o Turismo, Renan ampliou as retaliações ao governo no Congresso.
A
nomeação de Alves para a cadeira de Lages já estava acertada. Agradou ao
presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), mas contrariou Renan, que não
quer o afilhado fora da pasta. Agora, se Padilha aceitar tocar a Secretaria de
Relações Institucionais, Dilma calcula que terá um problema a menos, pois
poderia indicar Alves para a Aviação Civil e não mexeria com Lages – o que, em
tese, deixaria Renan sem motivos para se queixar da mudança no ministério.
Outra hipótese seria Lages na Aviação Civil e Alves no Turismo. Ambas, porém,
ainda dependem de acordo com Renan.
Lula. A mudança na articulação política do
Planalto foi sugerida pelo ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Nos últimos
dias, preocupado com as novas manifestações contra o governo, previstas para
domingo, Lula intensificou a cobrança e disse que, se Dilma não mexer agora nos
interlocutores com o Congresso, trilhará um caminho sem volta.
Na
avaliação de Lula, o Senado e a Câmara se transformaram em uma trincheira
contra o governo após a Operação Lava Jato. Renan e Cunha acusaram o governo de
interferência para que seus nomes constassem da lista de políticos investigados
pelo Supremo por suspeita de participação no esquema de desvio de recursos da
Petrobrás.
Padilha
sempre resistiu a assumir a cadeira de Pepe Vargas por avaliar que, no atual
modelo de articulação, quem manda mesmo é o ministro-chefe da Casa Civil,
Aloizio Mercadante (PT). Dilma, no entanto, garantiu a ele que o PMDB terá
autonomia para as negociações com o Congresso. Hoje, o PMDB comanda sete
ministérios: Minas e Energia, Turismo, Aviação Civil, Agricultura, Assuntos
Estratégicos, Pesca e Portos.
Um
auxiliar de Dilma disse ao Estado, em conversa reservada, que ninguém do
Planalto entende a cabeça de Renan porque “em público ele defende a redução de
ministérios e, nos bastidores, sempre quer todos os cargos”.
A
força-tarefa para aprovar o ajuste fiscal e as medidas que restringem o acesso
a benefícios trabalhistas, como o seguro-desemprego, foram temas de vários
encontros, ontem, no Planalto. O ministro da Fazenda, Joaquim Levy, participou
da reunião da coordenação política do governo e disse que faria novas
articulações, nesta semana, em busca de apoio. Com o caixa apertado e corte de
despesas do Orçamento que pode atingir R$ 80 bilhões, o governo estuda agora
uma saída para compensar as perdas dos Estados com a reforma do ICMS.
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