Apesar de que toda a Imprensa a
novamente esqueceu, a data de 8 de maio é oficialmente reconhecida como Dia
Municipal do Bloco Tradicional, em vitorioso projeto de Lei do Vereador Dr.
Gutemberg Araújo, aprovado por unanimidade pela Câmara Municipal de São Luís.
Os blocos tradicionais de ritmo, mais
importantes manifestações do carnaval maranhense, tornaram-se autêntico
patrimônio cultural da cidade de São Luís do Maranhão.
A partir das 17h de hoje,
sexta-feira, dia 8, acontecerá um cortejo de blocos tradicionais pelo Centro,
saindo da Praça Deodoro, passando pela Rua Grande em direção à Praia Grande.
Domingo, 8h, será celebrada uma missa na igreja de São Pantaleão, Centro. E
entre os dias 11 e 13, a Câmara Municipal prestará homenagens à categoria. No
dia 14, a partir das 12h, haverá homenagens especiais na Câmara.
Os blocos tradicionais são oriundos
da Ilha de São Luís, tendo surgido na década de 1930. Seu ritmo era mais
cadenciado e suas fantasias mais simples do que hoje em dia. Fizeram parte de
um inventário da Prefeitura de São Luís para que o Iphan reconhecesse a
manifestação como patrimônio imaterial do Brasil. Porém, a pesquisa não foi
completada (devido ao falecimento de sua coordenadora, a saudosa Michol
Carvalho) e o projeto foi arquivado. Haverá novo pedido brevemente. Um dos
pontos que o Iphan vetou foi uma suposta origem dos blocos me solo carioca, o
que não é verdade. Apesar da influência nacional do carnaval do Rio de Janeiro,
os blocos surgiram de forma espontânea pelo país e, em São Luís, além dos
blocos de sujo e turmas de samba, registrou-se o surgimento de pequenos grupos
que iam às ruas fantasiados, tocando pequenos instrumentos e cantando sambas.
E por que o dia 8 de maio?
Trata-se do nascimento do mestre cultual Walmir Moraes Corrêa (Mestre Walmir),
considerado o maior dirigente carnavalesco do Maranhão em todos os tempos e um
dos ícones da cultura popular maranhense. Sua história de vida artística
confunde-se com a dos blocos tradicionais, sendo que Mestre Walmir dedicou sua
vida a essa categoria cultural, desde criança até o ano de 2010, quando nos
deixou no dia 27 de junho.
Dedicado professor da antiga
Escola Técnica Federal do Maranhão, Walmir Moraes Corrêa é natura de São Luís
do Maranhão, filho de Seu Hermírio Moraes Corrêa e Dona Maria de Lourdes Rocha
Moraes Corrêa. Foi reconhecido como Mestre pela Câmara Municipal de São Luís e
entidades culturais, entre elas o Conselho Internacional de Folclore (CIOFF), a
Organização Internacional de Folclore (IOV) e o Ministério da Cultura (MinC).
Professor, artesão, poeta, compositor, desenhista, projetista, pedreiro, desportista,
fabricante de instrumentos de percussão, dirigente carnavalesco e representante
cultural, ensinou duas gerações a arte do bloco tradicional, desde a elaboração
dos instrumentos, organização dos grupos e montagem de desfiles de passarela e apresentações de rua
até a organização enquanto entidades e elaboração de projetos.
Dirigiu e conquistou títulos (ao
lado do irmão Waldete Cabeça Branca) da Tribo Os Apaches e Bloco Os Vigaristas,
além de outras manifestações artísticas. N da 01 de mai de 1976, fundou o Bloco Tradicional Os Foliões junto ao irmão
Waldete e aos amigos Carlos Augusto, Luís Fernando e Mauro Sérgio.
Mestre Walmir assinou, junto ao
filho William, os projetos que levaram os Foliões a ser o bloco pioneiro em
gravar discos (LPS e CDS), participar de coletâneas, realizar vídeos e
apresentar-se fora do Maranhão e do Brasil (Américas do Norte e Europa,
inclusive na programação de uma Copa do Mundo).
Pessoa querida e respeitada,
Mestre Walmir também participou do nascimento da Associação Maranhense de
Blocos Tradicionais (AMBT) e da Academia Maranhense de Blocos Tradicionais
(AMBT). De suas mãos, além de fantasias vitoriosas, casas e dezenas de
instrumentos, brinquedos e peças decorativas, saíram os primeiros tambores do
Bicho Terra e do bloco criado pro Alcione no Rio de Janeiro.
Destaca-se como autêntico símbolo
da cultura popular, sendo uma das maiores referências do carnaval maranhense em
todos os tempos. Seu nome foi dado a um concurso literário infanto-juvenil e a
uma premiação cultural, além de que ganhará publicações sobre sua vida,
documentário em vídeo e um futuro espaço para exposições culturais.
Por falar em Os Foliões, o
bloco mais premiado de São Luís já pensa na passagem de seus 40 anos, em 2016.
Uma série de eventos marcará o feito, de exposições e prêmios a viagens
internacionais.
O Bloco possui extensões, sendo a mais famosa delas o Grupo
Foliões, que completou 21 anos n dia 30 de abril. O grupo apresenta o
espetáculo Folias Juninas desde 1999, integrando o calendário cultual do São
João maranhense. O espetáculo reúne danças e ritmos folclóricos, conta com 100
integrantes no elenco e é uma parceria dos projetos socioculturais realizados
junto à Companhia Táculo (Escola Estadual Barjonas Lobão) e do Grupo Cultual
Y-Bacanga.
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