A
ex-candidata presidencial Marina Silva afirmou, em entrevista a Fernando
Rodrigues, do UOL, que não vai concorrer a nenhum cargo nas eleições municipais
de 2016.
Com
as últimas assinaturas para a criação da Rede Sustentabilidade entregues ao
Tribunal Superior Eleitoral (TSE), cresce a expectativa de que a Corte dê o
aval para a criação formal do partido de Marina e que a ex-senadora volte ao
cenário político. Nos bastidores, falou-se até na possibilidade de ela disputar
alguma prefeitura no ano que vem, como a do Rio de Janeiro, onde obteve bons
resultados nas urnas no ano passado. Ela agora refuta claramente essa hipótese.
Sobre
a eleição presidencial de 2018, Marina disse não saber ainda se será novamente
candidata - depois de ter ficado em terceiro lugar nas eleições de 2010 e 2014.
"Ainda não sei, sinceramente não sei, não sei qual é a melhor maneira de
contribuir com o Brasil", afirmou. Marina repetiu que seu "objetivo
de vida" não é ser presidente da República, mas contribuir para o País
prosperar socialmente, economicamente e com desenvolvimento sustentável. "Quero
contribuir para o Brasil ser melhor."
Rede Sustentabilidade
Marina
disse ter ciência de que a Rede nascerá com uma estrutura pequena, mas que terá
legitimidade. "Vamos ser um partido pequeno do ponto de vista das
estruturas, grande do ponto de vista da legitimidade e da inserção social, mas
obviamente que as estruturas nos impedirão de poder lançar um número
significativo de candidatos", disse ao admitir que a legenda não deve
conseguir apresentar candidaturas próprias em todas as 26 capitais no ano que
vem. Ela disse ainda que a legenda deve se valer do arco de alianças formado em
torno de Eduardo Campos (PSB) em 2014, principalmente com PSB e PPS, mas que o
"processo de construção" dependerá da realidade em cada Estado e em
cada município, a partir de uma "discussão programática".
Campanha de 2014
A
ex-senadora disse na entrevista que a campanha eleitoral de 2014
"extrapolou todos os limites da ética", numa referência aos ataques
que recebeu da campanha petista quando foi alçada ao posto de favorita na
corrida eleitoral, após a trágica morte de Eduardo Campos. Marina citou o
comercial da campanha de Dilma Rousseff que mostrava a comida sumindo da mesa
de uma família e o dinheiro indo para banqueiros. "Tirar a comida da mesa
dos trabalhadores é o que está acontecendo agora, quando você vê milhares e
milhares de empregos desaparecendo", afirmou.
Para
Marina, a presidente Dilma hoje denuncia a si mesma, aos erros que cometeu no
primeiro mandato. Ela argumentou que o ajuste fiscal é necessário para corrigir
todos os erros cometidos pela própria presidente, que logo após ter sido
reeleita passou a impor sacrifícios à população, como a restrição ao acesso ao
seguro desemprego.
Sobre
o impeachment, Marina repetiu o que disse em outras ocasiões de que não vê
elementos para pedir hoje o afastamento de Dilma. Ela elogiou a postura do
ex-presidente Fernando Henrique Cardoso (PSDB). "O presidente Fernando
Henrique está tendo uma atitude de respeito com o País. Se fosse qualquer outro
à frente da presidência da República do País, com o PT na oposição, com a crise
política, a crise econômica, a crise da corrupção que temos hoje, com
baixíssimos índices de popularidade, esse governo já teria ido ao chão."
Reforma Política
Marina
lamentou a movimentação do Congresso Nacional em torno da Reforma Política.
Disse que estão sendo feitos "ajustes eleitorais para dar mais poderes aos
partidos", o que, segundo ela, vai na contramão do que demanda a
sociedade.
Marina
se disse favorável às candidaturas independentes e ao financiamento público
misto de campanha, com contribuição individual limitada por um teto. A
ex-senadora deu também um recado ao PT, sobre a defesa do fim do financiamento
empresarial. "Os partidos que defendem isso não devem agora dizer 'fui
derrotado, pois a lei diz que tem que ser (doação) de empresas'",
argumentou.
Em
abril, o diretório nacional do PT decidiu que o partido não receberia mais
doações de empresas e não firmou posição quanto às doações de pessoa jurídica
para candidatos. A questão seria tratada no quinto congresso da legenda, que
acontece em Salvador nesta semana. Com o movimento da Câmara de aprovar a PEC
que constitucionaliza a doação empresarial a partidos, o PT decidiu adiar a
decisão e dirigentes admitem que, se a PEC não for revertida, o partido pode se
ver obrigado a voltar atrás na decisão de não receber doação empresarial.
A
ex-senadora respondeu ainda sobre a proposta de reduzir a maioridade penal de
18 para 16 anos, à qual se disse contrária. "Criminalizar a infância não é
a solução para nos dar segurança."
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