Em
reação à informação de que o delator da Operação Lava Jato, Júlio Camargo,
informou à Justiça Federal que ele teria pedido US$ 5 milhões em propina por
contrato, o presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha (PMDB-RJ),
disse na tarde desta quinta-feira que Camargo foi obrigado pelo
procurador-geral da República, Rodrigo Janot, a mentir. "O delator
foi obrigado a mentir", disse Cunha a pós reunião com o presidente do
Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), para tratar da agenda legislativa do segundo
semestre.
Eduardo
Cunha disse achar "muito estranho" a afirmação de Camargo acontecer
na véspera do pronunciamento que ele fará em rede nacional de rádio e TV
"e em uma semana que a parte do Poder Executivo envolvido no cumprimento
dos mandados judiciais tenha agido com aquela fanfarronice toda", disse
ele, em referência à operação Politeia, da Polícia Federal.
"Ou
seja, há um objetivo claro de constranger o Poder Legislativo e que pode ter o
Poder Executivo por trás em articulação com o procurador-geral da
República", acusou.Cunha disse achar "estranho" que, num período
de aprofundamento de discussão de um eventual pedido de impeachment contra a
presidente Dilma Rousseff, querem "constranger o Poder Legislativo".
"Acho isso um absurdo e não vou aceitar ser constrangido",
avisou.
O
peemedebista criticou o "estardalhaço" feito na Operação Politeia,
"com helicóptero em prédio de senador". O presidente da Câmara disse
que não se deixará fragilizar pelo episódio.
Sobre
o depoimento de Camargo, Cunha reiterou que se trata de "ilação" e
que sua fala não traz nenhum fato concreto. "Esta delação que foi feita
dele não existe. Ela é nula porque foi homologada por autoridade incompetente.
Se eu faço parte da delação dele, não é o juiz que poderia homologá-la",
concluiu.
Cunha
terá um pronunciamento em cadeia de rádio e TV amanhã e não pretende alterar
seu discurso. Ele explicou que o pronunciamento será sobre as atividades da
Casa e não para sua defesa pessoal.
Ele
se dispôs a retornar na CPI da Petrobras para prestar esclarecimentos, se for
necessário. Também se colocou à disposição para participar de acareação com o
delator, que já foi convocado. "Eu faço olho no olho com quem quiser, não
tenho dificuldade nenhuma de rebater quem quer que seja. Quem não deve não
teme. E ele está mentindo. E o delator tem que provar sua mentira. O ônus da
prova é de quem acusa", afirmou.
O
peemedebista não demonstrou preocupação com os depoimentos dos representantes
da Mitsui e da Samsung Heavy Industries, que estavam marcados para esta semana
e serão reagendados. "Que investiguem tudo".
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