O Blog
recebeu na tarde de ontem, domingo (25), um artigo do Cabo da Polícia Militar do Maranhão,
Manoel Guimarães Filho, que é coordenador de Assuntos Jurídicos da ASPOM de
Timon. O militar no artigo “O tapa na cara de Campos e o ataque às associações
de praças” aborda as transferências de policiais militares que são lideranças
dentro dos movimentos da PM, assunto já tratado pelo Blog (reveja).
No
artigo, o militar cobra um posicionamento do deputado estadual Cabo Campos
diante do episódio e, mesmo que subliminarmente, “sugere” uma nova greve da
Polícia Militar. Veja abaixo o artigo do policial militar.
Considero
que a transferência indiscriminada de praças da PMMA e BMMA, em especial dos
soldados Leite, da ASPOM -TIMON, Diogo, da Associação de Bacabal, e do Sargento
R Barros, de Imperatriz, que está ameaçado de ser desterrado para os confins do
Maranhão, sob alegada necessidade de serviço, é um ataque e uma perseguição
violenta a esses militares, a suas famílias, às associações de praças e ao
próprio deputado Cabo Campos, pois o governo, assim como o comando geral, sabe
da relação de proximidade entre o parlamentar e a ASPOM -TIMON, associação que
tem ,como um de seus coordenadores, o soldado Leite.
Quando o
comando adota tal medida, do meu ponto de vista, ele envia um recado direto ao
deputado e às demais lideranças, o de que ninguém é inalcançável. Ora, se
transferem, com o uso de uma alegação fictícia, uma liderança que atua, quase
que, como um “assessor” do deputado Campos, que foi eleito com esforços da
categoria, então transferem e ameaçam qualquer um. Daí o ataque ao soldado
Leite ser um ataque ao próprio deputado Campos.
Demonstram,
com a medida, o nível de consideração e respeito que nutrem por ele ,por sua
liderança e por seu mandato. Desde que me tornei policial militar, em
2001,observo e sinto na pele como setores superiores da PM/MA se utilizam da
movimentação como instrumento de ameaça, perseguição e medo.
Uma
ferramenta utilizada para sufocar vozes discordantes e de lideranças ligadas às
associações. Eu mesmo já fui objeto de uma ação dessa natureza, que me enviou
para os confins do Maranhão, me separou da família, dos amigos e dos estudos,
apenas para atender aos caprichos de um comandante local. Esta é a terceira ou
quarta vez, nos últimos meses, que tentam transferir o soldado Leite. Sempre
utilizando-se da mesma motivação travestida, qual seja, a necessidade de
serviço.
A
motivação real é a intenção, não confessada, de quebrar a resistência e a
vontade do policial, destruir sua vida familiar, acadêmica e social e, de
quebra, desarticular uma das mais destacadas associações de praças do Maranhão
na luta pelos direitos dos trabalhadores PM’s. Como o comando, não pode dizer
em público, que sua real motivação é o esfacelamento e comprometimento da luta
das praças, ele alega, ilegalmente com desvio de finalidade, a tal necessidade
de serviço. Reparem que, se esse fosse o motivo verdadeiro, a administração
teria que transferir outro PM mais moderno que o PM em questão. Teria que, de
repente, buscar, dentre os mais modernos, um que fosse solteiro, não tivesse
filhos, não fosse estudante e, dependendo da necessidade específica, buscar
aquele com a melhor capacidade técnica para fazer frente à necessidade.
Do meu
ponto de vista, o deputado CABO Campos não deve aceitar calado, e sem
espernear, que lideranças que foram decisivas na construção do seu mandato
sofram esse tipo de agressão. Noutra medida, as associações, e policiais em
geral, não podem ficar a observar a banda passar enquanto aqueles, que estão na
linha de frente da luta diária pela melhoria da vida de todos nós, são
violentados dessa maneira.
Considerando
que a motivação do ato administrativo é mentirosa e que a finalidade do ato é,
na verdade, punir, perseguir e destruir o servidor forçando-o, inclusive, a
pedir pra sair temos que o ato administrativo está viciado, é ilegal e deve ser
fulminado e atirado na lata de lixo mais próxima. Outro ponto que me incomoda e
me causa espécie é que, enquanto trabalhadores estão sofrendo esse tipo de
violência, juntos com suas famílias, as representações dos Direitos Humanos, no
Maranhão, não se manifestam e deles não se ouve um “piu”.
Não é só
a constituição de 88 que ignora que policiais militares sejam cidadãos de
direitos, os defensores dos direitos humanos também o fazem. Vide o caso da
reintegração de posse, na Vila Luizão, que resultou na morte de um posseiro e
consequente prisão de dois policiais inocentes, em que não se viu uma
manifestação contra a violência estatal perpetrada contra aqueles servidores.
Para eles, PM’s não são “humanos” dignos de Direitos Humanos, jamais seremos
objeto de sua solidariedade, não somos dignos. Em sua percepção esquizofrênica,
o único papel em que, tais “humanistas”, conseguem nos enxergar é no de Réus,
violadores sádicos e contumazes da dignidade dos outros, NUNCA de vítimas.
Não fosse
isso o bastante, o novo governo, que nos prometeu “um colchão de bondades”,
além de práticas novas e democráticas intra quartéis, se comporta de forma
obscenamente dura e violenta ou, permite que assim atuem, contra nós. Alguém,
tenho a impressão, precisa explicar ao governo o significado da expressão
“práticas novas e democráticas”.
]
De duas,
uma: Ou esse governo, de práticas novas, orienta a persecução intolerante do
comando da PM/MA contra lideranças e associações ou o comando atua à revelia da
orientação do governo da mudança. Francamente, não sei o que me assusta mais.
De qualquer maneira, e para terminar, sugiro às associações que organizem e
mobilizem seus trabalhadores pois, ao que me parece, nossa luta será travada
nas ruas, e está breve.
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