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A equipe do Jornal
Nacional encontrou o VLT fora do galpão onde deveria estar guardado
Um investimento que seria solução de
transporte público no Maranhão acabou virando exemplo de desperdício.
Dois vagões estão jogados ao relento.
O veículo leve sobre trilhos era para atender 200 mil pessoas por dia, mas
nunca levou ninguém a lugar nenhum, a não ser na viagem inaugural, onde
percorreu 800 metros cheio de passageiros esperançosos, como mostram alguns
vídeos na internet. “Isso aqui é um sonho. Eu não quero acordar desse sonho”,
diz uma mulher.
Ficou só no sonho. Hoje, o veículo
está se estragando com o tempo. A equipe do Jornal Nacional encontrou o VLT fora do
galpão onde deveria estar guardado e já deteriorado. O veículo foi comprado em
julho de 2012 pelo então prefeito João Castelo, do PSDB, dois meses antes das
eleições municipais, sem análise técnica para o projeto ou previsão
orçamentária.
Para o Ministério Público, uma obra
eleitoreira. “Foi uma obra feita em cima da eleição, sem uma programação
suficiente e sem recursos para essa obra continuar após a eleição. Tanto prova
que não foi pago e a obra parou”, diz o promotor de justiça José Leonardo Pires
Leal.
O projeto previa que fossem
construídos 13 quilômetros de trilhos ligando a região central de São Luís ao
bairro do Anjo da Guarda, que é um dos mais populosos da cidade. Mas apenas 800
metros foram colocados. A obra consumiu quase R$ 8 milhões dos cofres públicos.
Boa parte dos dormentes usados para
fazer os trilhos foi roubada. Muitos trilhos foram cobertos de terra e pedras.
A estação construída em um terminal de ônibus é usada como guarita para
seguranças.
Depois das eleições de 2012, o
prefeito eleito Edivaldo Holanda Júnior, do PDT, alugou um galpão para guardar
o elefante branco. Foram gastos mais de R$ 400 mil com aluguel, até que a
prefeitura conseguiu na justiça que a empresa que vendeu os vagões, a Bom Sinal
Indústria e Comércio, passasse a pagar os custos do aluguel. Só que depois
disso o VLT foi retirado de onde estava guardado e está debaixo de sol e chuva.
A prefeitura diz que um projeto para colocar
o VLT em circulação está em análise no Ministério das Cidades. Enquanto isso, a
população segue vendo o VLT só mesmo pela janela dos ônibus lotados.
A prefeitura de São Luís declarou que
o projeto iniciado na gestão anterior não teve planejamento. O ex-prefeito João
Castelo, do PSDB, morreu este mês. Já a empresa Bom Sinal Indústria e Comércio
declarou que nunca foi notificada pela justiça sobre a responsabilidade de
guardar os vagões até que eles sejam usados.
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