sexta-feira, 24 de março de 2017

COLUNA DO ZE LOPOES - A SAGA DOS GAÚCHOS


Estava em Bacabal e nada de novo no front. A cidade esburacada, pessoas descontentes, muita reclamação e tudo d'antes como no Quartel de Abrantes. O povo hospitaleiro, muitos amigos revistos, e ..... o trivial sem nenhuma variação.

Aproveitando uma carona do meu amigo Osvaldino Pinho, cheguei ontem a noite, viagem cheia de chuva. O objetivo da minha vinda foi para resolver uns problemas imobiliários da família, coisas cartoriais, documentos, assinaturas, reconhecimento de firma e coisas afins.

A noite pude ver o quanto Bacabal parou no tempo, ou melhor, retrocedeu. As ruas escuras e vazias, um silêncio de doer os ouvidos, as casas trancadas e um ou outro carro com seus faróis acesos, sem um destino certo.

Depois do futebol dei uma volta rápida com meu sobrinho Raimundo Máximo, os bares vazios, passamos em todos que funcionam na quinta-feira, aportei no bar do Luizão onde encontrei o meu amigo, o autônomo Geraldo Albuquerque bebendo com outro amigo, o apresentador de TV e locutor de Rádio José de Ribamar Gomes, o famoso Jota Erry, o garotinho do bigode de ouro.
 
Conversamos por um bom tempo, em meio ao som que vinha da casa do lado, onde a Fofa do Forró e seu esposo Rikelmy, tocavam e cantavam os enfadonhos sucessos do momento cheios hás, uis, ais, ôis, ôôô. tá,tá,tá e outros lepos.

Tudo convergiu para que lembrássemos de um Bacabal de uma vida noturna fluente, segura, atrativa, com muitas casas que funcionavam e estavam sempre cheias. Falamos de nomes, professores, doutores, atletas, artistas e mais, muito mais personagens que fizeram a historia de Bacabal e que hoje a própria cultura fez questão de enterrar a história e estórias do próprio autor.

E é sobre esse esquecimento que eu quero falar, ou melhor, sobre a moral que se dá a quem chega aqui aventurando. O final dessa historia é sempre a mesma, o raio caindo duas vezes no mesmo lugar, e o "otário" continua sendo os filhos da terra que tanto querem um apoio e nada conseguem.

Lembro aqui agora de um mineiro que veio para botar uma churrascaria na extinta EXPOABA - Exposição Agropecuária de Bacabal, e como era bom no que fazia, ganhou o apelido de Gaúcho Falso. Gostando do mercado, mudou-se para a cidade onde tocou seu comércio de forma séria, fez um bom nome, mas lhe enganaram, trocando em miúdos, muitos compraram fiado e não lhe pagaram e ele teve que mudar de praça, e em um acidente, perdeu a sua vida.

Saí pela manhã e aproveitei para pesquisar junto a amigos que encontrava, nomes de Zés bacabalenses, já que estou compondo uma canção falando deles. Resolvi fazer uma visita ao meu amigo, agora Secretário Municipal da Cultura, o poeta Paulo Campos, e ao chegar na praça me deparei com o comerciante Jean que ligava para toda a imprensa dando conta de que o Gaúcho, que alugara seu estabelecimento para botar uma churrascaria, tinha anoitecido mas não tinha amanhecido, como se diz em Bacabal, "Tirou pra fora", deixando todo mundo no prejuízo.

O que acontece em Bacabal, é que todo forasteiro ganha moral, ostenta riquezas aos olhos complacentes das autoridades e, os pobres filhos que aqui querem vencer, são rechaçados. Isso é um fato, diuturnamente vê-se isso nas redes sociais e ninguém toma nenhuma providência.

Policiais, amigos, imprensa, agora estão todos lá, mas pra fazer o que? Essa saga de ganhar dinheiro e sair no cagar dos pintos com a mala cheia, é uma máxima na vida de Bacabal e comparando os dois Gaúchos pude ver quanto antagonismo.

O Gaúcho Falso era verdadeiro e o Gaúcho verdadeiro, esse sim, é falso. Mas Bacabal está à espera do próximo. O final nós já sabemos.

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