terça-feira, 23 de maio de 2017

PACIENTES QUE PRECISAM DE HEMODIÁLISE NO MARANHÃO VIVEM SITUAÇÕES DIFICEIIS

Pacientes no Maranhão com doenças renais, precisam percorrer milhares de quilômetros
Pacientes que sofrem de doenças renais no interior do Maranhão precisam percorrer milhares de quilômetros durante vários dias da semana para ter acesso ao tratamento de hemodiálise em São Luís. Isso porque atrasos em obras de centros de tratamento em alguns municípios maranhenses impossibilitam que esses pacientes tenham acesso ao procedimento.
O aposentado Pedro Rodrigues, morador do município de Chapadinha, a 245 km de São Luís, vive essa jornada cansativa há mais de cinco anos. Pela necessidade do tratamento, o aposentado acorda às 4h da manhã e percorre um trajeto de dez horas para fazer hemodiálise em São Luís. Segundo ele há dias que a van que os leva para a capital não passa. “Hoje eu não sei, mas eu estou aqui arrumado, esperando. Tem dia que eles nos deixam aqui”, disse.
Nesse mesmo horário alguns pacientes no município de Pinheiro, a 333 km de São Luís, já estão se preparando para enfrentar a mesma jornada. Eles enfrentam, quase que diariamente, uma jornada de três horas de viagem de carro do município até São Luís. Depois disso, os pacientes ainda precisam enfrentar outra viagem com 1h30 de duração no Ferry Boat para chegar a capital.
Alguns pacientes por dificuldade de locomoção, não podem descer e ficam dentro do veículo com o ar condicionado desligado o tempo todo. Na chegada em São Luís, os pacientes que já estão desgastados, ainda precisam enfrentar mais três horas na máquina de hemodiálise. “Se a gente sai cansada, a gente chega aqui muito pior. É muito difícil”, diz a paciente Marilene de Jesus Corrêa, que enfrenta semanalmente a viagem de Pinheiro até São Luís.
Centro de hemodiálise está com as obras paradas em Chapadinha (MA)
Depois de passar o dia em viagens nas estradas do interior do Maranhão e ainda passar pelo procedimento, os pacientes chegam em casa exaustos e abatidos. Para o aposentado Raimundo Nonato Borges, essa é a única forma de se manter vivo. “Você não descansa nada e no dia seguinte já tem que voltar novamente. É uma maratona mesmo, mas a gente tem que lutar pela vida”, afirma.
Os pacientes não precisavam passar por isso se todos os sete centros de hemodiálise em construção em cidades do interior do Maranhão estivessem prontos. Quase R$ 7 milhões de reais foram liberados para as obras que estão inacabadas. Em Chapadinha, um centro está sendo construído em um terreno atrás de um hospital. Ambos estão com as obras paradas e os pacientes que precisam de atendimento, precisam se locomover de suas casas até a capital maranhense para obter atendimento.
Para o médico nefrologista, Alex do Vale Costa, os pacientes renais que passam por essa situação podem evoluir mais rápido ao óbito. “Se nós temos uma alteração na filtração de sangue, pelo tempo que esses pacientes às vezes têm que fazer essa viagem, nós temos um paciente que pode evoluir mais rápido ao óbito. Então se diminui a expectativa de vida de um paciente desse”, explicou.
Segundo Jane Carvalho Araújo, chefe da assessoria jurídica da Secretaria de Estado de Saúde, o atraso nas obras ocorreu por conta de uma revisão nos projetos, que deveriam seguir o padrão imposto pelo Ministério da Saúde. “Os projetos eles tiveram que ser revistos e a obra paralisou para adequar as normas do Ministério da Saúde, adequar às normas da Vigilância Sanitária. E nós estamos inaugurando três dessas clínicas na grande São Luis até o final do ano e nós vamos ofertar 111 novas vagas”, finalizou.

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