A
princípio envergonhados, os movimentos que defendem uma nova intervenção
militar no país começam a ganhar corpo nas redes sociais e já se assumem
publicamente. Pior: esses movimentos têm a ampla participação de jovens
estudantes, o que torna a ameaça de fantasmas do passado ainda mais perigosa,
sobretudo diante do movimento político atual.
Ontem,
esses movimentos pró-militares ganharam força em São Luís, com a convocação de
simpatizantes para uma espécie de “abraço” no quartel do 24º Batalhão de
Infantaria de Selva, na Praça Duque de Caxias, no João Paulo.
Prejudicada
pela chuva que caiu no fim da tarde, a convocação, feita pela União da Direita
Maranhense (UDM), reuniu alguns jovens e adultos em uma espécie de momento
cívico, com direito a hino nacional e discursos pseudo-patriotas.
O
filósofo Leandro Karnal diz que se espanta a cada vez que vê um jovem defender
intervenção militar no país. Para ele, um estudante que faz isso mostra total
desconhecimento da história. E os mais velhos sofrem falta de memória. Karnal é
um dos maiores críticos do sentimento pró-militar e vê com reservas a
candidatura presidencial do deputado federal Jair Bolsonaro (PSL-RJ).
A
Ditadura Militar foi um dos momentos mais sombrios do Brasil. Milhares foram
mortos, outros tantos desapareceram, além de não existir, à época, liberdade de
manifestação e de expressão, com dura censura à imprensa, às artes e à classe
política.
Os
fantasmas que rondam o país se manifestam sobretudo pela falta de perspectiva
do povo brasileiro, diante do mar de corrupção exposto no país e a crise de
credibilidade da classe política. Mas, citando novamente Karnal, é muito melhor
contestar e tentar aperfeiçoar a democracia do que tentar simplesmente
destruí-la. Até porque, sem democracia, nem essas manifestações contra ela
própria teriam condições de acontecer. E muito menos um texto como esse.
Estado
Maior
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