segunda-feira, 26 de novembro de 2018

COLUNA DO ZÉ LOPES - RELATOS DE UM ACUADO


Não sou muito amante do dia de domingo, acho enfadonho e o que salva sempre, é o futebol. Assisti ao jogo do Cruzeiro contra o Flamengo e depois resolvi dar um pulinho na rua pra resenhar com a turma, que geralmente se encontra no Bar do Luizão, na avenida do Centro Cultural de Bacabal.

Tomei um banho e meti a cara na porta e saí. A rua vazia e antes de chegar no lugar proposto, ou seja, o Bar do Luizão, entrei na casa da minha amiga Janete Valéria onde me foi oferecido um pouco de mocotó e não titubeei, comi e fiquei a conversar com algumas pessoas que se encontravam por lá, principalmente sobre a derrota do Vasco, a vitória do Flamengo e a conquista do título pelo Palmeiras.


Vi um pouco do Fantástico, uma matéria sobre a poluição dos oceanos pelo plástico jogado pelo homem, e logo depois resolvi voltar pra casa, nada mais de Bar do Luizão.

Entrei e encontrei vendo televisão na sala, o meu sobrinho Raimundo Máximo e sua esposa Raabe que logo entraram em seu quarto e simultaneamente começou os estalidos e estampidos e ficamos nos perguntando o que era aquilo. Ininterruptos e em lugares distintos, em meio aos tiros, houve a primeira explosão e então eu disse: - Explodiram um banco”.

E a coisa começou a crescer e não demorou muito para as redes sociais se manifestarem mostrando as primeiras imagens, o desespero  de quem estava acuado e aí houve a segunda explosão, essa tão forte que fez toda a casa tremer, reflexo maior no portão de alumínio da garagem.

Protegeram as duas crianças que dormiam e foram para a sala e ficamos eu, Raimundo Máximo e Raab deitados no chão e vendo as noticias no WatsApp. Foi uma noite de muito medo, terror, expectativa, insegurança e incerteza. Foi uma noite digna de um roteiro de Alistair MacLean ou mesmo  de uma estória pensada por Agatha Christie e até a realidade dos morros cariocas em dias, ou melhor, em noites de combate ao tráfico.

Depois de três horas, acho eu, de tiros, explosões, como n’uma tempestade, a zoada foi ficando menor, os sons se ouviam mais longe e em meio ao silencio provisório,  tiros espaçados. Alí já dava pra sentir que os bandidos vazaram com suas escopetas, suas metralhadoras, suas dinamites, suas granadas, seus fuzis e todo o dinheiro que deu pra levar. Parada dada, como é conhecida policialmente o ato de já ir se sabendo os caminhos e tudo deu certo para o lado errado, um plano bem executado e ainda sobrou cadeia para quem pegou algum dinheiro que escapou da van dos bandidos.

Silêncio sepulcral. Só queria que amanhecesse pra ter a idéia, ou a certeza do que aconteceu. Três bandidos mortos, muito pouco, mas, para uma polícia sem recursos, com armas leves, em comparação às dos bandidos, até que ficou de bom tamanho. Um civil morto pelos bandidos.

O que mais intriga, é o fato de que, na eleição suplementar para prefeito, Bacabal recebeu do Governo Flávio Dino, tropas policiais de elite, com blindados e helicópteros para, dizem, perseguir os aliados do prefeito eleito Edvan Brandão.Agora, que realmente precisamos de segurança, nada veio de lá pra cá, só dez horas depois do acontecido. Muito tarde.

Não sei como Bacabal vai reagir depois de todo esse terror, querendo ou não, já comprometeu o natal e o fim do ano, o medo está por todo lugar e as noites nunca mais serão as mesmas depois dessa noite de 25 de novembro de 2018.

Rezemos pela proteção divina e parabenizemos os nossos policiais, que mesmo em desvantagem, fizeram o que puderam para defender essa gente sofrida que a cada dia, perde a esperança de melhores dias.

E que Deus nos proteja,

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