Poucos
anos atrás a saúde de nosso estado era um exemplo para todo o Brasil. Na época,
pela primeira vez na história do Maranhão e do Brasil, a sociedade preferia o
atendimento público ao serviço privado. O povo preferia as UPAS em detrimento
dos hospitais particulares. Entretanto, estes foram tempos que ficaram para
trás. Hoje, a realidade é muito diferente.
Na semana
passada, o fechamento repentino de um hospital em Matões do Norte escancarou
não apenas a desordem na saúde pública, mas também o completo despreparo das
autoridades. O Governo do Estado fechou a unidade de saúde e demitiu os
profissionais sem nenhum tipo de aviso prévio. A população também não foi
informada. Alguns dias depois foi anunciada uma “reforma” emergencial que mais
parece desculpa.
Recentemente,
um caso chamou a atenção da imprensa e revelou a dimensão da crise na Saúde: No
dia 22 de janeiro, o senhor João Espíndola faleceu em São Luís. A imagem da
filha dele, desesperada, empurrando a maca hospitalar pelas ruas do centro de
São Luís, tomou as redes sociais maranhenses em um turbilhão de tristeza e
revolta.
Espindola,
infelizmente, representa a volta de uma das chagas de nosso estado que estava
banida fazia anos: as procissões de ambulâncias do interior trazendo pessoas
para a capital. Não para serem tratadas, mas para morrerem nas filas de
hospitais superlotados que não possuem a capacidade de atender a todos os
pacientes do estado.
Se em um
passado recente os municípios do interior conviviam com inaugurações de
hospitais, contratações de médicos e enfermeiros, verbas o suficiente para
cuidar dos seus pacientes em suas cidades, hoje o que se constata são grandes e
pomposas solenidades, divulgadas maciçamente pela mídia governista, para
entrega de ambulâncias, ou seja, muita propaganda e poucas ações de uma
política de saúde séria e eficiente.
Outro
fato agravante da crise na Saúde: No dia 5 de fevereiro as maternidades da
capital entraram em colapso. Dias após sofrer com o fechamento do hospital de
Matões, o povo maranhense sentiu o descaso em relação às maternidades. Esse dia
será lembrado na saúde como o dia em que maternidades RECUSARAM o atendimento a
mães, crianças nascidas e ainda por nascer.
Tudo isto
está acontecendo por causa da inoperância do governo, que permitiu o fechamento
da maternidade Maria do Amparo. O mesmo governo que abandonou o Materno
Infantil e o deixou impossibilitado de prestar atendimentos naquele dia. Caso
semelhante ao da Maternidade Benedito Leite, que havia passado por uma greve de
profissionais de limpeza e estava de portas fechadas.
O dia 5
de fevereiro foi de caos na maternidade Marly Sarney. Congestionada e com
pessoas sendo atendidas em macas nos corredores, pessoas expostas e
desamparadas sendo atendidas em cadeiras de plástico!
Enquanto
idosos agonizam dentro de ambulâncias, bebezinhos se amontoam nos corredores
das maternidades e o povo sofre decepcionado com a queda de atendimento nas
UPAS, o governador tem como principal ocupação as provocações ao presidente
Jair Bolsonaro em suas redes sociais.
Também é
lamentável a situação de nossos médicos e profissionais da saúde. Que agora
convivem com o medo de perda do diploma. Porque nós bem sabemos que quando
acontecer uma tragédia, e se persistir o descaso ela irá, o governo irá culpar
os profissionais da saúde em vez de reconhecer sua falha como gestor da Saúde,
deixando um legado de hospitais regionais fechados, maternidades agonizando e
UPAs sem medicamentos, enfim, a saúde do Maranhão está na UTI.
Adriano Sarney – Deputado Estadual, Economista com
pós-graduação pela Université Paris (Sorbone, França) e em Gestão pela
Universidade Harvard.
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