Os dois atentados desta semana trágica
têm uma advertência: a internet, como toda tecnologia, pode ser usada pelo bem
ou pelo mal, para o bem ou para o mal. Assim, temos que ficar atentos aos
desafios de evitar, ou frear, essa face.
O caso mais emblemático foi o duplo
atentado terrorista da Nova Zelândia. Lá o assassino atingiu duas mesquitas.
Preso pela polícia, disse esta monstruosidade: “Não era preciso mirar, eu tinha
alvos à vontade.”
Antes de chegar à mesquita de Al Noor,
em plena hora das preces, quando cerca de 400 pessoas rezavam, ele parou, olhou
para a câmara que o filmava e citou o nome de PewDiePee — um cômico que nada
tem a ver com o terror, até há pouco tempo o mais acessado youtuber, pedindo que
subscrevessem seu site. Um truque para que a transmissão do crime ao
vivo, via Facebook, fosse assistida por mais pessoas.
Dali ele partiu para a primeira etapa
do atentado, atirando a esmo entre os fiéis e matando 41 pessoas — um dos muitos
feridos morreu depois num hospital. Frio, voltou ao carro e dirigiu até outra
mesquita, onde mais sete morreram.
Enquanto isso, na internet, ocorria
uma caça de gato e rato: a corrida entre os serviços do Facebook para fechar os
links e as reproduções dos atos e sua reação em cadeia, como numa bomba
nuclear, logo continuada em outros aplicativos. Mas o papel da internet no
atentado não se limitou à exposição. Um manifesto do terror vinculou sua
inspiração aos cultos da extrema-direita, citando o nome dos principais
sacerdotes dessa religião, já antiga, mas agora renovada, da morte cega.
O assassino usou cinco armas, de
pistolas a rifle automático. A Primeira-Ministra da Nova Zelândia foi
enfática: as leis sobre armas do país vão se tornar mais rígidas, para aumentar
a segurança. A nação do Pacífico é muito pacífica, e os 49 mortos desta trágica
sexta-feira bateram, num só dia, seu total anual de homicídios.
Se o número de mortos lá foi maior, a
nossa tragédia de Suzano nos fere mais o coração. Esses dois rapazes que também
se prepararam frequentando páginas de doutrinação não agiram contra o “inimigo”
do outro lado, mas contra os mais próximos de si. O tio que queria que um deles
estudasse, os professores que representavam a educação, os colegas de bairro e
escola.
Na internet treinaram nos vídeo-games
e compraram parte, ao menos, de suas armas. Nós, também, temos que
denunciar a facilidade do acesso às armas de fogo, responsável por nos
colocar no terrível destaque mundial de país com mais homicídios do mundo.
E, aqui no Maranhão, temos que mudar
com urgência nossa política de segurança. Não é possível que nossos números
mensais sejam equivalentes ao total anual de mortos da Nova Zelândia.
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