Por Adriano
Sarney
Cinco
anos atrás escrevi para este jornal uma série de artigos nos quais discorri
sobre o singular potencial produtivo das regiões maranhenses e como nossas
vocações e aptidões econômicas precisam ser desenvolvidas de forma
profissional, viável e em cooperação com os diferentes agentes da sociedade,
independente das ações isoladas dos governos.
Hoje,
continuo falando sobre o Maranhão que produz e que pode produzir muito mais.
Vejo na iniciativa privada o único caminho para dias melhores em nosso estado.
Em 2002,
o Governo do Estado do Maranhão e o Sebrae lançaram o Programa de
Desenvolvimento de Arranjos e Sistemas Produtivos Locais do Maranhão – PAPL, em
parceria com bancos oficiais, entidades empresariais e com os Ministérios de
Ciência e Tecnologia, e Indústria e Comércio. Identificou-se 12 aglomerados que
receberam esforços e investimentos: Babaçu (Médio-Mearim e Região dos Cocais),
Cachaça (Sertão Maranhense), Caju (Centro Maranhense), Caranguejo (Munim e
Lençóis Maranhenses), Cerâmica Vermelha (Entorno da Ilha de São Luís), Leite
(Pindaré e Médio Mearim), Madeira e móveis (Tocantins e Pré-Amazônia), Mel
(Baixada Maranhense e Alto Turi), Ovinocaprinocultura (Baixo Parnaíba),
Pecuária de Corte (Tocantins e Pré-Amazônia, Pesca Artesanal (Região Metropolitana)
e Turismo/ Artesanato (Litoral).
Apesar do
aspecto positivo do Programa – algumas cadeias produtivas conseguiram prosperar
até hoje – apontarei duas questões que mereceriam mais atenção pelos
idealizadores do PAPL e servem também para o atual governo. Entre as principais
medidas usadas para determinar as regiões a serem escolhidas estavam os índices
sociais das comunidades, especialmente o IDH, em lugar de analisar puramente a
viabilidade econômica da atividade em si, o que proporcionaria um crescente ciclo
virtuoso e sustentável de desenvolvimento econômico, competitividade e
progresso social. A melhoria no IDH seria a consequência do sucesso do Projeto
e não um pré-requisito para avaliação e viabilidade de investimento em
determinada região ou atividade.
Outro
ponto negativo foi a forte presença do Governo que tornou o Programa refém das
vontades políticas. Faltou, como defendi no artigo “Sustentabilidade e
Cidadania”, um maior incentivo à cooperação e ao empreendedorismo, ao
engajamento de uma sociedade civil esclarecida e ativa e a efetiva parceria
entre empresas incluídas na mesma cadeia produtiva.
A
experiência bem sucedida da região italiana da Emilia Romagna onde está
instalado um grande polo têxtil, inspirou o mais bem sucedido arranjo produtivo
local do Brasil, a cadeia produtiva coureiro-calçadista do Vale dos Sinos no
Paraná. A região, que engloba 35 municípios, conta com 500 empresas calçadistas
– a maioria micro ou pequenas -, fábricas de insumos e embalagens, agências de
exportação e empresas em outros setores que complementam a cadeia produtiva e
faz de lá o maior arranjo produtor de calçados do Brasil e um dos maiores do
mundo, gerando mais de 50% dos empregos da indústria calçadista brasileira.
O
segredo? Cooperação, parcerias que realmente funcionam, capacitação e o cidadão
consciente de suas responsabilidades. Os benefícios sociais vêm como
consequência. Mais uma vez reitero, a transformação não parte de uma ação
isolada da máquina pública, mas de um pacto, uma cultura de toda a sociedade, inclusive
da classe política, com vistas a um projeto de desenvolvimento com o máximo
aproveitamento do potencial econômico de nossas regiões.
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