Por José
Sarney
A Estrada
de Ferro Norte-Sul, pela qual paguei um alto preço e que foi combatida
fortemente por aqueles que consideram a política acima do interesse
público, está em fase de conclusão. Se tivessem permitido que a fizesse
durante o meu governo, o Brasil seria outro hoje.
Sempre
defendi o modelo ferroviário e por isso recebi um boné de maquinista da
Associação dos Ferroviários, que até hoje guardo com o maior carinho.
As estradas de ferro foram o transporte do passado e agora ressurgem
como o transporte do futuro, com um horizonte aberto pelas novas tecnologias de
construção e trens de alta velocidade.
Há três
dias o governo assinou o contrato de concessão de dois ramos prontos da
Norte-Sul, com o governo recebendo um ágio de 109,2 % acima do piso da
licitação, isto é, dois bilhões e setecentos e dezenove milhões de reais,
quando o preço mínimo era de um bilhão e trezentos milhões.
A disputa
pela estrada foi tão grande que a RUMO, empresa vencedora, ouviu do
Ministro dos Transportes a afirmação de que “a Norte-Sul é espinha dorsal dos
transportes no Brasil”. Quando lancei a Ferrovia Norte-Sul, quase toda a
imprensa dizia que a estrada seria uma desgraça para o Brasil, porque era “um
golpe do Sarney para levar as cargas brasileiras para embarcar no Maranhão, no
Porto do Itaqui, dinheiro botado fora”. O tempo é mesmo o grande mestre da
razão: hoje vejo todos a favor da estrada e ela já está dando dinheiro para o
País.
O tráfego
é caótico – Realmente,
o Brasil precisa com urgência construir mais estradas de ferro. O modelo
rodoviário está morto. As cidades estão saturadas de veículos, não se anda
mais, o tráfego é caótico. As rodovias acabadas e engarrafadas. Esse o
principal componente do “custo Brasil”, que diminui nossa competitividade
internacional. E o mais grave: o País na mão dos operadores de
transporte. Eles podem parar o Brasil a qualquer hora, estamos reféns de
sua vontade. Basta uma greve. A que foi feita no final do ano passado provou
isso.
São Luís,
como um dos dez melhores portos mundiais, será no futuro o grande curador dessa
tragédia.
Foram
necessários muitos anos para que se abrissem os olhos da razão, e todos
reconhecessem que se parou o Brasil.
Mas agora
fico feliz. Dei ao Maranhão porto, estrada e energia. Temos a grande estrutura
nacional para sermos o grande São Paulo do Norte-Nordeste.
Em vez de
“estrada das onças”, como diziam quando a atacavam, hoje a Ferrovia Norte-Sul é
a “estrada da salvação”.
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