Estive analisando o Edital
da Turma do Quinto para o carnaval 2020 e também os sambas que disputaram o
concurso. Tema – “Bacabal de azul e branco, cem anos de histórias e glórias” . Pra
começar, gostei muito da sinopse, compacta, bem elaborada e com atores e palcos
realmente dignos de serem mostrados na avenida. Até aí tudo bem.
Das onze propostas
inscritas, houve duas desistências, inclusive uma daqui da cidade, a de R.
Cavalcante que conta com detalhes a história de Bacabal, mas que não seguia a
sinopse à risca, e ficou grande, por isso, acho eu, que não participou da
disputa.
A primeira eliminatória rolou de forma
pacífica, cinco concorrentes, ficando
dois sambas para a grande final, o de Alisson Ribeiro, Dominguinhos Lopes,
Eulálio Figueiredo e Renato Guimarães e o de Manoel
Henrique, Carlos Boniek e Cecel Mix, cantores da própria escola, que não
poderia participar da disputa, mas que viria a ser o vencedor. É a Turma do
Quinto legislando em causa própria.
Na segunda eliminatória, a
escola deu mais uma prova de que já estaria com o resultado no bolso, com a
desistência do bacabalense R. Cavalcante, apenas quatro concorrentes, e o samba
composto por Zé Lopes, Walasse Godinho, Gilvan Mocidade e Manu Lopes, ganhou
logo o apoio popular, por ter os melhores refrãos, seguir os novos padrões de
métrica, rima e tamanho. O samba do Nato Silva até que tinha uma boa letra,
dentro da sinopse, mas a melodia muito ruim e a péssima interpretação, levou o
samba a uma nota baixa. Quanto a proposta mais midiática do concurso, a das compositoras
Carol Cunha, Selma Delago, Wanda Cunha e Isabel Cunha, apesar de bonita, não
apresentava nenhuma viabilidade para a avenida, pois a letra quilométrica, com
mais de 60 linhas, já lhe deixava fora da disputa. Apesar do regulamento rezar
que apenas duas propostas de cada eliminatória chegaria a final, a segunda
eliminatória elegeu três. A pergunta é a seguinte: Se o bacabalense
R. Cavalcante participasse da disputa, seriam quatro, os sambas classificados?
E a
final chegou cheia de expectativas, principalmente para os bacabalenses que
torciam pelo samba dos filhos da terra, os políticos, os comerciantes, as
partes homenageadas e a maioria dos presentes.
A escola já havia descartado a proposta de Alissom Ribeiro, Dominguinhos Lopes, Eulálio
Figueiredo e Renato Guimarães pois esses já teriam vencido na Flor do Samba, já
teria descartado a proposta das meninas
Carol Cunha, Wanda Cunha, Selma Delago e Isabel Cunha por ser muito longo, e
quando um diretor, o mesmo que escolheu os jurados, disse que a proposta dos
bacabalenses tinha muita politica, ali estava provado a farsa e os cantores da
própria escola sagrariam-se campeões. Mesmo contrariando o edital. E isso é
fato.
A proposta de Manoel Henrique, Carlos Boniek e Cecel Mix,
não tem nada a ver com a cidade de Bacabal, por isso não merece nem reverências
e nem referências. Um samba para uma cidade que completará cem anos, que tem o
nome de Bacabal e que já começa com “gira baiana”, não representa o
nosso município. “Finada Edite”... Aqui a chamamos de Milagreira
Edite, a santa canonizada pelo povo... “Guarimã”... o que é isso?
Pergunte a algum bacabalense!. E pra provar todo o desconhecimento dos autores,
“Santa Terezinha das Rosas Vermelhas” não é a nossa padroeira.. a “Santíssima
Trindade” poderia ser trocada por
Papete, João Mohana e João Alberto, já que “Bandeira de aço” é o nome de
uma música e de um LP, o “Vôo do João”, não identifica nada e nem
ninguém, “o padre”, tivemos muitos, inclusive bispos, e pra piorar, é o
único samba do concurso que homenagearia o centenário de Bacabal e que não faz
nenhuma referencia ao fato. Na verdade, um samba feito por pessoas que nunca vieram
a Bacabal, um samba feito por pessoas que não conhecem a nossa história, um
samba que não representa a cidade. um samba apenas para agradar os quintenses,
do nada pra lugar nenhum, portanto não podia ser diferente.
Pelo
menos cinco alas já estavam sendo preparadas por bacabalenses. Aqui, três carnavalescos,
Salomão Duarte, Léa Valdilena e Janete Waléria, já se articulavam e destaques
como Tereza Santos e Marlélia Santos, já desenhavam suas fantasias.
Em
São Luís a carnavalesca e advogada Dra. Graça Almeida, também articulava uma
ala com bacabalenses que lá residem e o ex atleta, campeão pelo Bacabal Esporte
Clube, o Silinha, se movimentava para montar a ala dos ex-jogadores. Ia
realmente ser Bacabal na avenida.
O
bom em tudo isso, é que aqui, faremos o nosso carnaval centenário sem nenhum
motivo pra pensar em Turma do Quinto. Outra coisa boa é que, se nem os
compositores do samba campeão vieram aqui, ninguém da escola pode vir pedir alguma coisa,
e, segundo o carnavalesco da escola, estava pensando em mudar até o tema. Não é
preciso mudar o tema, o tema é o que a escola escolheu, o samba é o que a
escola escolheu. É o tema dos cantores, carnavalescos e diretores da escola. Só
não é Bacabal.
Tânia
Tomaz
É
pedagoga, professora, poetisa, cantora, compositora, pesquisadora, historiadora,
blogueira e bacabalense.
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