Nos últimos meses, ficou claro
que além do grupo de risco, outras pessoas estão desenvolvendo complicações
graves como consequência da infecção por coronavírus.
De acordo com o Centro de
Controle e Prevenção de Doenças dos Estados Unidos (CDC), aqueles com maior
predisposição a agravantes são pessoas com 65 anos ou mais, indivíduos que
apresentam um sistema imunológico enfraquecido e doentes crônicos, como portadores
de diabetes, asma, cardiopatias, entre outros. Mas há uma outra condição
que não está listada e que, segundos estudos, pode ser vinculada a casos mais
complexos da COVID-19. É a pressão alta.
O que é pressão alta?
A pressão arterial nada mais é do
que força exercida pelo fluxo sanguíneo, quando bombeado pelo coração, contra a
parede das artérias. Essa pressão precisa ser vigorosa o suficiente para
alcançar a circulação periférica, mas não a ponto de lesar os vasos. A medição
considerada normal em adultos é de cerca de 120/80. No entanto, quando o número
superior é consistentemente maior que 129 e o inferior é regularmente maior que
80, segundo classificação, essa situação já pode ser considerada como
hipertensão leve, ou ainda hipertensão, dependendo de quão altos esses
resultados forem.
Qual a ligação existente entre a
pressão alta e o coronavírus?
Tendo como base pesquisas
realizadas na China, 30% dos pacientes hospitalizados com COVID-19 tinham
pressão alta. Além disso, outro estudo constatou que 27,4% dos pacientes com
uma certa complicação pulmonar relacionada ao coronavírus eram hipertensos.
Isso levou alguns estudiosos a pensar se a condição não estaria aumentando o
risco de infecção pelo SARS-CoV-2.
No momento, não há evidências
suficientes para apoiar essa ideia. Embora seja verdade que muitos pacientes
com sintomas graves também sejam hipertensos, isso não necessariamente
significa que um causa o outro. Contudo, pode haver um terceiro fator
associado. Nesse caso, os pesquisadores pensam que a idade pode estar
relacionada com as complicações.
Como sabemos, indivíduos acima de
64 anos correm maior risco de desenvolver quadros graves de coronavírus.
Paralelamente, também há uma associação direta e linear entre o envelhecimento
e prevalência da hipertensão. Portanto, a idade é provavelmente o motivo pelo
qual muitos pacientes têm pressão alta e doenças graves e não porque a pressão
alta em si aumente o risco de COVID-19.
Medicamentos para pressão
arterial
Outro ponto que surgiu nos
últimos meses não tem a ver com a pressão alta em si, mas com os medicamentos
utilizados para controlar a condição.
Dois dos fármacos mais usados
para tratar quadros de pressão alta são os IECAs (inibidores da enzima
conversora de angiotensina) e os BRAs (bloqueadores de receptores da
angiotensina). Os IECAs mais comuns são o captopril, enalapril e lisinopril. Já
no caso dos BRAs, os princípios ativos popularmente conhecidos são a losartana
e valsartana.
Os IECAs e os BRAs aumentam a
quantidade de uma enzima chamada ACE2 no organismo. Como se vê, o vírus que
causa a COVID-19 usa o ACE2 para entrar nas células do corpo. Por esse motivo,
quando o coronavírus começou a se espalhar, havia alguma preocupação de que
utilizar a medicação prescrita para controlar a hipertensão poderia trazer um
risco adicional de contaminação pelo SARS-CoV-2. Por outro lado, pesquisas não
tão recentes demonstraram que o ACE2 pode realmente ajudar a proteger os
pulmões, tanto que alguns cientistas sugeriram o uso de BRA para tratar a
COVID-19.
No geral, não há evidências
suficientes para dizer exatamente quais são os efeitos das IECAs e dos BRAs em
relação ao coronavírus. No entanto, sabemos que a pressão alta é perigosa o
suficiente e que é importante controlá-la. A condição, quando não tratada,
aumenta o risco de problemas como doenças cardíacas, renais e derrames.
Em março de 2020, a Associação
Americana do Coração, o Colégio Americano de Cardiologia e a Sociedade de
Insuficiência Cardíaca da América divulgaram uma declaração conjunta afirmando
que as pessoas com COVID-19 devem continuar tomando inibidores da ECA e BRA, a
menos que sejam instruídas a parar pelo seu médico. As instituições também
pediram que mais pesquisas sejam feitas na área e que atualizariam suas
recomendações à medida que mais informações fossem disponibilizadas.
E o que isso tudo significa?
Se você tem pressão alta, deve
fazer o possível para controlá-la. Não necessariamente porque aumenta o risco
de COVID-19, mas por conta de outras consequências negativas para a saúde. Você
também deve continuar tomando todos os seus medicamentos conforme prescrição,
mesmo que eles sejam inibidores da ECA ou BRA. Caso esteja pensando em
interromper a medicação, converse com seu médico
Por
Dr. Otávio Pinho Filho
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