terça-feira, 16 de fevereiro de 2021

COLUNA DO ZÉ LOPES - TERÇA FEIRA DE CARNAVAL, CINZAS E MUITA CHUVA

E nós, que sempre fomos criados  na cultura do carnaval, vivemos o bastante pra ver  a terça feira gorda em um silêncio ensurdecedor, e o dia frio nos faz fechar os olhos e voltar no tempo. 

Blocos, escolas, turmas, clubes, barracões, bandas, baterias,  fanfarras,  fantasias, concursos e o pó, maizena, confete, serpentina, viraram artigos do ontem, e o hoje é pandemia, onde uma vacina politizada não dá nenhuma certeza do normal, que vem viraluzada de novo normal.

Álcool em gel tomou o espaço do velho álcool bebível, e nas mãos não dá barato e nem embriaga. A cloroquina, a ivermectina e a azitromicina, substituíram o velho e bom Engov, o Xantinom e o Metiocolim. Não tem mais cheiro de Loló, Lança  Perfume e Rodoh, a máscara anti momesca impediu o tontinho e o zuuuummm, e estamos cada vez mais tristes e isolados dentro de uma atipicidade cheia de contaminação e morte. 

Saudades de tudo que fizemos em prol do Zé Pereira, dos imensos carnavais, dos clarins, dos sujos, dos mascarados, fofões e foliões com suas fantasias tradicionais, radicais, engraçadas e até  muitas vezes bizarras.

Saudades dos sambas de Zé Jardim, Laurindo, Tôca, Pedro Paulo, Durval, Coletor, Evilazio, Paulo Campos, Abel Carvalho, das Marchinhas de Dió, Masa, Perboire Ribeiro, Walter Corrêa,  Brasilino Miranda. Era um Bacabal folião, era uma época festiva, mas que hoje desandou e nem esperou a quarta feira oficial chegar.

É a volta do mundo, onde tudo se encontra em uma esquina enfeitada de nada, onde músicos adormecidos, mantém seus instrumentos guardados e os foliões sucumbiram  num mar de vírus, proteções, isolamentos e tristezas.

Queríamos a "Jardineira", queríamos "Mamãe eu quero mamar", queríamos "Cidade Maravilhosa",  queríamos "Aurora", mas não nos deram o direito de ouvir, cantar e pular.

E hoje é terça feira de um carnaval que não existe e,  graças a rainha pandemia,  vivemos pra ver pela primeira vez na folhinha, a data em vermelho, dando lugar ao preto,  um preto talvez de vergonha ou de susto. Quem sabe de esperança para o ano que vem.

E hoje é terça feira de carnaval, de cinzas e de chuva, e quem quiser que faça, só não me COVID para essa festa.

Um comentário:

  1. Quem diria q viveríamos uma terça- feira magra: sem alegria; barulho e tudo que q a fazia tão especial.Claro q adormecida em algum lugar de minha mente - 'palpitou' - qdo estava lendo e relendo seu maravilhoso texto(a)mento e sentir e revivi tudo num relampejar. Por sorte sempre tenho alguma bebida em casa. Me socorri de alguns goles. Estou "num carnaval" não muito distante. Estou pulando, cantando, está chovendo. Tou vendo e ouvindo o Manoel Baião e o Maza cantando o samba. É fácil o refrão: "Quem comeu o nosso beco e como se destroi o leito de um Rio"? Ah, estou em êxtase com a bateria, a fantasia, os gritos de ' já ganhou'...eu estou...droga!ACORDEI

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