O Setembro Amarelo é uma campanha de conscientização da população ao redor do tema do suicídio, prática geralmente associada a depressão.
É divulgada pela Associação Brasileira de Psiquiatria (ABP), pelo Conselho Federal de Medicina (CFM) e pelo Centro de Valorização da Vida (CVV). As instituições também contam com a ajuda na divulgação tanto de empresas como de pessoas individualmente.
O mês de setembro foi escolhido porque é no dia 10 de setembro que se comemora o Dia Mundial de Prevenção ao Suicídio.
Quando surgiu o Setembro Amarelo?
A data foi estabelecida em 2015, e desde lá virou uma campanha amplamente divulgada em todo o país.
Atualmente grande parte das capitais adere à campanha. Nesses casos, muitos monumentos e pontos turísticos da cidade ficam iluminados da cor amarela em apoio.
Objetivos do Setembro Amarelo
O principal objetivo do setembro amarelo é trazer visibilidade para o tema, e conscientizar a população para a prevenção de suicídios.
Os veículos de mídia, a internet e as redes sociais tem conseguido trazer cada vez mais visibilidade para esse tema, que ainda é tratado como tabu em muitas regiões do país.
A campanha visa trazer informação para a população, disponibilzando diversos materiais gratuitos pela internet, entrevistas para canais de comunicação. Esses materiais tratam desde dados sobre o suicídio até as formas de como abordar esse tema e identificar pessoas que precisam de ajuda
Dados sobre o suicídio no Brasil e no Mundo
São registrados 12 mil suicídios por ano no Brasil, sendo o oitavo país do mundo em números absolutos.
Segundo a OMS, ocorrem cerca de 800 mil suicídios por ano no mundo.
Sabe-se que o suicídio é a segunda maior causa de morte para jovens de 15-29 anos.
Estima-se que 96% das pessoas que cometem o ato contra sua própria vida sofriam com algum transtorno.
Os suicídios estão fortemente ligados com a presença de transtornos mentais, e esse é um número que nos mostra a importância do tratamento psicológico para a população. Visto que muitas dessas doenças podem ser tratadas com um acompanhamento médico, o número de suicídios que poderiam ser prevenidos é incontável. Os transtornos mais comuns são depressão, bipolaridade e o abuso de substâncias.
Fatores de risco para suicídio
Mesmo sendo algo que é difícil de se diagnosticar e previnir, há algumas formas de tentar reduzir os riscos.
Os dois principais fatores de risco são:
Tentativa prévia de suicídio
Estima-se que pessoas que já tenham tentado tirar sua vida, possuem de 5 a 6 vezes mais chance de tentar suicídio novamente. Cerca de 50% das pessoas que se suicidaram já haviam tentado anteriormente.
Doença mental
Grande parte dos suicidas tinham alguma doença mental, muitas vezes não diagnosticada ou não tratada da forma adequada. Como já falado, os transtornos mais frequentes são depressão, bipolaridade, alcoolismo, abuso de substâncias, transtorno de personalidade e esquizofrenia. Quanto mais comorbidades forem diagnosticadas no paciente, maiores são suas chances de suicídio.
Podem haver também alguns outros fatores como:
Abuso sexual na infância
Alta recente de internação psiquiátrica
Doenças incapacitantes
Impulsividade/Agressividade
Isolamento Social
Suicídio na família
Tentativa prévia de suicídio
Mitos sobre o comportamento suicida
Quando se trata de suicídio, ainda temos um estigma muito grande ao redor do tema. A maior parte das pessoas ainda trata o tópico como um tabu, e isso dificulta muito para que informações corretas sejam passadas adiante. Milhares são os casos de pessoas que possuem pensamentos suicidas e sentem-se envergonhadas, excluídas ou descriminadas.
Pensando nisso, iremos trazer alguns mitos que são ditos a respeito do suicídio:
1. A pessoa que já pensou em se suicidar, terá risco de suicídio para o resto de sua vida
Esse ponto é um mito! Atualmente temos várias formas de tratamento para pessoas que possuem pensamentos suicídas. Um desses tratamentos pode ser a psicoterapia. Depois de realizado o tratamento, sendo feito o acompanhamento médico adequado, a pessoa estará fora de risco.
2. As pessoas que ameaçam se matar não farão isso, e querem apenas chamar atenção
A maior parte das pessoas que cometem suicídio falam ou dão sinais sobre o ato alguns dias ou semanas antes. Isso costuma acontecer frequentemente, e tanto os familiares quanto os profissionais da saúde devem ficar atentos a esses sinais.
3. Quando uma pessoa melhora ou sobrevive a uma tentativa de suicídio, ela está fora de perigo
Justamente o contrário! Quando uma pessoa acaba de passar por uma tentativa de suicídio, a semana seguinte é justamente o período em que ela está mais fragilizada.
4. Falar sobre suicídio pode aumentar o risco
Ao contrário do que as pessoas pensam, falar sobre suicídio pode aliviar as tensões e angústias que esses pensamentos trazem. Ter alguém para conversar é essencial, e a ajuda médica deve ser buscada. Ao receber queixas com esse teor, a família deve buscar ajuda profissional e orientar-se sobre como prosseguir.
Avaliação do paciente
Como prever o suicídio não é algo que alguém possa fazer com 100% de certeza, o primeiro passo é a identificação dos indivíduos de risco por meio de uma avaliação clínica periódica.
Para isso, a OMS aponta três características comuns no estado mental suicida:
Ambivalência
Nesse caso o desejo por viver e morrer se confundem no paciente. Não necessariamente o paciente quer deixar de viver, ele apenas quer se livrar de toda dor e sofrimento pelas quais está passando. Tendo o apoio emocional nesses casos, reforçando o desejo de viver, o risco de suicídio diminui.
Impulsividade
Geralmente o suicídio possui sua “gota d’água” com algum evento negativa que aconteça na vida pessoa. Mesmo que seja um evento planejado, esse impulso costuma fazer com que a pessoa tire sua vida. Alguns exemplos de situações que podem causar isso são: rejeição, fracasso, falência, morte de alguém próximo, etc. Quando percebe-se que eventos como esses acontecem na vida de uma pessoa, uma ajuda emocional e empática pode interromper o impulso suicida do paciente.
Rigidez
A rigidez se encaixa em como o paciente encara suas alternativas para sair daquele problema ou sitaução que está passando. A pessoa acaba fechando sua cabeça para outras opções que solucionem o problema e que não sejam tirar sua própria vida. Nesses casos, ela pensa frequentemente sobre o suicídio e desconsidera outras formas de solucionar seus problemas. Por isso, é tão difícil de encontrar uma alternativa ao suicídio quando a pessoa está sozinha.
Por Dr. Otávio Pinho Filho
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