Por Joaquim Haickel
Recentemente, minha querida amiga Teresa Murad Sarney, comentou comigo sobre meus textos e minhas postagens, e para minha alegria disse que em quase todos os aspectos concorda comigo, mas fez uma observação que me deixou estupefato: “Só não concordo contigo por tu seres bolsonarista”.
Fiquei horrorizado!… Se alguém que me conhece tão profundamente e há tanto tempo como ela, acredita erradamente, que eu seja bolsonarista, quantas pessoas que não me conhecem, não sabem como eu penso, devem, também erradamente imaginar que eu seja bolsonarista!?…
Acredito que essa confusão se deva ao fato de eu combater as absurdas arbitrariedades que estão sendo cometidas em nosso país, principalmente neste momento, contra pessoas que são bolsonaristas, o que por si só não faz de mim um deles.
O fato de eu ser um defensor do direito à livre opinião, de defender o pleno estado de direito, o devido processo legal, de combater o abuso de poder, pode fazer parecer para alguns que faço isso em defesa de Bolsonaro e de seus seguidores, o que é um erro crasso e absurdo, pois sempre deixei clara a minha posição quanto a forma de encarar a política, jamais usando o venal e corruptível bolso, o irascível e odiento fígado, e nem mesmo o romântico e aparentemente inocente coração.
O uso do bolso no ambiente político pode fazer com que você tenha ações, posições e reações motivadas ou guiadas por esse poderoso órgão humano. Um órgão externo, adjunto, mas muito humano.
O uso do fígado, órgão que simboliza a mágoa, o rancor, a irá, bem como outros sentimentos igualmente subalternos, desfigura as ações e o raciocínio político.
O uso do coração, esse órgão meigo e romântico, que simboliza coisas boas, traz em si escondida a armadilha da paixão, e quando a paixão é cega e incontrolável, faz com que as melhores pessoas possam se transformar em seres bestiais.
Em termos de política eu só admito o uso do pragmático e coerente cérebro. Quem não usa unicamente o cérebro em termos de política, além de um mau político é uma má pessoa, pois a política é uma arma tão perigosa quanto um revólver, uma faca ou qualquer outra coisa com a mesma letalidade.
Neste ponto é necessário que se faça uma observação importante. É possível que alguém pratique política, usando o cérebro de maneira negativa, mas aí já fica na conta do livre arbítrio de cada um.
Pois bem, voltemos a Tetê!
…O fato de eu defender o que defendo e atacar o que ataco, não deve e não pode me fazer parecer um bolsonarista, principalmente porque desde muito cedo, mesmo antes de Bolsonaro assumir a presidência da república, eu já avisava que ele não era talhado para o exercício do poder, que não tinha os pressupostos para ser presidente da república. Eu dizia que para ocupar um cargo desses é necessária uma quantidade mínima de sensibilidade, de profundidade, de cultura, de sabedoria, de tolerância, e pelo que claramente se via, ele não tinha, nem de forma mínima, alguma dessas características, o que o desqualificava para o cargo.
Mas eu também sempre disse que a eleição de 2018 era na verdade uma escolha entre um candidato ruim e um pior, e foi o que aconteceu. Aconteceu em 2018 e voltou a acontecer em 2022. O povo brasileiro elegeu o candidato que parecia ser o menos pior naqueles dois momentos.
Se em 2018 o povo brasileiro preferiu se aventurar com um sujeito visivelmente boçal, como eu cansei de chamar Bolsonaro em meus textos e postagens, e um sujeito comprovadamente mais sujo que pau de galinheiro, e ainda mais, cercado de pessoas da pior qualidade, enquanto o boçal parecia estar sozinho, e dava a impressão de poder vir a se transformar, através de uma messiânica redenção, em um grande líder. Pelo menos era isso que algumas pessoas imaginavam e rezavam para que acontecesse.
Em 2022 ocorreu o contrário. Como a redenção messiânica de Bolsonaro não aconteceu, como suas atitudes e ações desagradaram muita gente que acreditou nele, como ele demonstrou despreparo para o poder que lhe foi concedido, a maioria do eleitorado resolveu se ariscar novamente com Lula, e novamente optou por aquele, que naquele momento, parecia ser o menos pior.
É importante que eu repita, para minha amiga Tetê e para quem interessar possa: Defender o que defendo e atacar o que ataco não faz de mim um bolsonarista. Bolsonaristas agem na política através do uso do bolso, do fígado ou do coração, da mesma forma que fazem os lulistas. Eu só admito, só aceito, só penso em política através da utilização do cérebro e meu cérebro não me permite ser nem bolsonarista, nem lulista.
Eu me defino como um liberal que defende a livre iniciativa, o direito a propriedade, a liberdade de expressão e o respeito às leis, e por isso mesmo me reservo o direito de lutar contra o abuso de poder, a tentativa de desmantelamento do pleno estado de direito e do devido processo legal, tudo isso em defesa de nossa verdadeira democracia.
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