Paulo Vanzolini: imortalizado nas músicas e na ciência
ENTERRADO
ONTEM PAULO VANZOLINI, O "CIENTISTA BOÊMIO"
Autor de sambas clássicos, como “Volta por Cima” e
“Ronda”, o compositor e zoólogo Paulo Vanzolini morreu no último domingo (28),
aos 89 anos e foi enterrado ontem. O “cientista boêmio” estava internado, em São Paulo desde a
quinta-feira (25) com pneumonia.
Paulo
Vanzolini escreveu também sambas como “Na Boca da Noite”, “Praça Clóvis”,
“Alberto”, “Capoeira do Arnaldo”, num repertório que passa de 70 canções. As
composições foram interpretadas por grandes nomes da MPB, como Miúcha, Chico
Buarque, Paulinho da Viola, Milton Nascimento. Maria Bethania, Noite Ilustrada, Caetano Veloso e Martinho da Vila.
“A
sua curiosa personalidade de cientista boêmio, de irreverente cheio de
disciplina e rigor, de homem da Noite que faz do dia seu espaço de trabalho.
(...) Viva pois esse Paulo poeta compositor cientista boêmio conversador que
soube fixar tão bem pela arte momentos significativos da vida”, descreveu
Antônio Cândido no encarte do box Acerto de Contas (2003). A coletânea reuniu
52 canções de Vanzolini em quatro discos promovendo um resgate da obra do
compositor paulista.
O
sambista e zoólogo escreveu mais de 150 artigos acadêmicos, além do livro de
poemas Lira (1951) e dos livros Tempos de Cabo (1981), com histórias de quando
ele serviu no Exército; e Episódios da Zoologia Brasileira (2004), em que
resgata o trabalho dos naturalistas estrangeiros que vieram estudar a fauna
brasileira no século 17.
A
vida e obra do cientista boêmio renderam também três documentários realizados
pelo próprio Vanzolini ao lado do diretor Ricardo Dias. Os dois primeiros foram
mais voltados para o lado zoólogo, com foco na vida acadêmica. Já o terceiro,
Um Homem de Moral (2009), tem como foco a vida dupla de Vanzolini. Como
zoólogo, Vanzolini foi um dos idealizadores da Fundação de Amparo à Pesquisa do
Estado de São Paulo (FAPESP) e diretor do Museu de Zoologia da Universidade de
São Paulo (USP), onde trabalhou por mais de 40 anos. O estudioso foi ainda
agraciado com a Grã-Cruz da Ordem Nacional do Mérito Científico e premiado pela
Fundação Guggenheim de Nova Iorque, em virtude de suas contribuições para o
progresso da ciência. Paulo foi também agraciado com táxons nomeados em sua
homenagem, como a espécie de anfíbio que recebeu o nome Dendrobates vanzolinii.