Por
Robert Lobato
Sabem aquele dito popular: “A gente perde o amigo, mas não perde a piada”?
Pois
é. Com o ex-deputado federal constituinte Haroldo Saboia é diferente:
ele perde os amigos mas não perde a porrada. E tem perdido muitos amigos por
conta disso.
Pela
rede social do Facebook, Haroldo fez uma contundente análise no que considera
uma “traição” do governador Flávio Dino a um suposto acordo que o comunista
teria com o senador João Alberto (PMDB).
Para
sustentar a tese de um Flávio Dino “traidor”, Haroldo remete a sua análise ao
recente episódio envolvendo o deputado estadual Roberto Costa (PMDB) e o
ex-deputado federal José Vieira (PR), tendo como pano de fundo a eleição para
prefeito de Bacabal.
“A
decisão que impede Roberto Costa de tomar posse teria sido recebida por João Alberto
como um brutal contragolpe, um verdadeiro rompimento de um pacto, como uma
traição a um acordo firmado desde o início do governo dinista”, detonou Haroldo
Saboia.
O
“contragolpe” a que o ex-parlamentar se refere diz respeito à decisão do
ministro do Tribunal Superior Eleitoral, Gilmar Mendes, que garantiu a posse de
José Vieira em desfavor a Roberto Costa, que é afilhado político do senador
João Alberto. Haroldo sugere que Flávio Dino operou junto a Mendes para
derrotar a dupla de peemedebistas.
Confira,
a seguir, a avaliação arrasadora de Haroldo Saboia que, pela personalidade
forte, vem acumulando desafetos ao longo dos anos.
BRIGA DE GENTE GRANDE
“A imagem com que Flávio se apresenta, hoje, aos
maranhenses é de um político inteligente, astuto e ambicioso, cada vez mais
ávido de poder e fama, mesmo que às custas de fatias crescentes do orçamento
público da Comunicação.”
O
episódio de Bacabal – em que o ministro Gilmar Mendes concede liminar
assegurando a posse do ruralista José Vieira -, além de ilustrar intrincadas
relações de poder, revela o governador Flávio Dino absolutamente à vontade no
exercício de velhas práticas políticas.
Já não
se trata do jovem egresso da política estudantil de esquerda com uma década de
experiência na magistratura.
Nem
tampouco do novo e repentino amigo e aliado do governador José Reinaldo (ainda
nos Leões, em ruptura com os Sarneys) que o elege deputado federal, em 2006, e
governador, em 2014, ao comandar uma poderosa articulação de forças locais em
dissidência com a velha oligarquia.
Não!
Não! Nem mais uma sombra de qualquer romantismo de esquerda! Nada! A imagem com
que Flávio se apresenta, hoje, aos maranhenses é de um político inteligente,
astuto e ambicioso, cada vez mais ávido de poder e fama, mesmo que às custas de
fatias crescentes do orçamento público da Comunicação.
O
episódio de Bacabal é emblemático pela frieza com que é apunhalado um
adversário até então dócil e cordial.
É briga
de gente grande que lembra disputas florentinas ora refinadas, ora de
inusitadas atrocidades!
Envolve diretamente o Senador João Alberto e o governador Flávio Dino.
Reza a
lenda que sua origem está nas relações do grupo do Senador do PMDB com o
Palácio dos Leões.
João
Alberto, governista empedernido, desde o início do governo Dino buscou
estabelecer laços franciscanos e pontes fisiológicas com os novos palacianos.
Cedo constituiu o PMDB chapa branca liderado na Assembleia pelo Deputado
Roberto Costa – votando sempre ou quase sempre as propostas governistas.
Na Assembleia, a oposição ao governo Flavio Dino, em consequência, ficou
restrita ao PMDB autenticamente oligárquico, integrado por deputados
familiares: Andrea Murad, Adriano Sarney, Edilásio Filho e Sousa Neto.
A pedido
do governador, João Alberto teria levado o PMDB de São Luís a não apoiar
qualquer candidatura “competitiva” à prefeitura, para não ceder, portanto, seu
precioso tempo de TV. O PMDB chapa branca do senador optou por lançar na
Capital candidatura própria.
Em
Bacabal, em contrapartida, seu candidato, Roberto Costa, navegou em céu de
brigadeiro. Mesmo sem a maioria dos votos, Costa foi proclamado eleito, pois
José Vieira, vitorioso nas urnas, concorrera sub judice já que sua candidatura
houvera sido indeferida pela Lei de Ficha Limpa.
Eis que,
de repente, uma liminar assinada pelo reconhecidamente insuspeito ministro
Gilmar Mendes se abate sobre o pupilo do senador.
A
decisão que impede Roberto Costa de tomar posse teria sido recebida por João
Alberto como um brutal contragolpe, um verdadeiro rompimento de um pacto, como
uma traição a um acordo firmado desde o início do governo dinista.
É que o
Brasil todo conhece as excelentes relações do ultraliberal e conservador Gilmar
Mendes com o presumível comunista Flávio Dino, do PC do B.
Dino
ainda juiz, após ter assessorado Nelson Jobim no STF, aproximou-se e tornou-se
amigo de Gilmar Mendes.
Eleito
deputado federal em 2006, e derrotado ao pleitear o governo do Estado, em 2010,
Flavio, sem mandato, no início de 2011, aceitou convite de Gilmar Mendes para
dirigir o seu Instituto de Direito Público (IDP) – em Brasília.
E lá
permaneceu até que o PCdoB viabilizasse junto a presidente Dilma Rousseff sua
ida para a presidência da EMBRATUR.
Governador,
Flávio Dino não esqueceu nem o Instituto de Direito Público nem o seu amigo
ministro Gilmar Mendes.
Já no
primeiro ano de sua gestão, contratou o Instituto de Direito Público (IDP),
através da Escola de Governo do Maranhão, para ministrar o curso
“Aperfeiçoamento e Atualização nos Fundamentos e Procedimentos da
Administração”.
Do valor
global do contrato já foram pagos 1.446.966,40 reais (entre abril e setembro de
2016) do total de 4.793.932,00 reais empenhados desde 2015.
QUASE 5
MILHÕES DE REAIS DO ORÇAMENTO DE UM ESTADO POBRE por um curso de 102 horas-aula
“que utiliza metodologia online na modalidade Ensino a Distância (EaD)”:
dividido em três módulos com a previsão de serem abertos “por seminários
presenciais com renomados profissionais”. ( site da Escola de Governo do
Maranhão,EGMA,01/03/2016 ).
Diante
desse cenário, uma pergunta circula nos três poderes maranhenses e na Justiça
Eleitoral: como será o próximo round desta contenda João Alberto X Flávio Dino,
dessa “briga de gente grande” ?!
Do Blog
do Abel Carvalho