segunda-feira, 2 de setembro de 2019

PONTO DE VISTA - FIM DAS COLIGAÇÕES - ROBERTO VELOSO


Resultado de imagem para coligações politicas
Em uma das tentativas de corrigir as inúmeras distorções de nosso sistema eleitoral foi aprovada a Emenda Constitucional 97/2017, com mudanças importantes no cenário das eleições e dos partidos.

Uma delas, a proibição da celebração de coligações proporcionais a partir de 2020 gerará uma modificação na maneira de as agremiações partidárias encararem o pleito para vereador. Isso porque continua permitida a coligação para as eleições para o Executivo, mas estão impedidas as destinadas ao preenchimento de vagas ao Legislativo municipal.

É claro que os partidos estão preocupados com os seus candidatos a prefeito. Há agremiações com mais de três pré-candidatos e a disputa pelas preferências dos filiados deflagrada até com realização de enquetes e pedidos de voto, mas ninguém fala publicamente nas eleições para a Câmara.

Tal atitude pode deixar os candidatos do baixo clero a ver navios em 2020, porque sem puxadores de voto consistentes, a tendência é de muitos não conseguirem atingir o quociente eleitoral, o que, do ponto de vista interno, representaria uma frustração sem tamanho.

Na verdade, será a primeira eleição, depois de décadas, sem a possibilidade de coligação. Uma oportunidade para verificar se o atual sistema com 33 partidos possui racionalidade e se há justificativa objetiva para a manutenção daqueles sem base ideológica e sem apoio popular, nunca tendo elegido parlamentares por força própria.

Analisando a eleição de 2016, não é possível verificar a força eleitoral isolada de todos os partidos, apesar de se poder ter uma ideia da capacidade dos que se coligaram pela inscrição partidária do eleito para vereador. A título de exemplo, veja-se o caso do PDT, que se uniu ao DEM, PR e PROS. Essa coligação foi quem mais obteve a simpatia eleitoral da capital, atingindo 109.280 votos.

Dos oito vereadores eleitos por essa coligação, cinco são do PDT, partido do prefeito vencedor. Dos outros três, um é do DEM, outro do PR e outro do PROS. Não há dúvida da força individual do PDT, basta a leitura desses números. Resta agora ver em 2020 se DEM, PR e PROS terão a mesma desenvoltura. Desses, o DEM demonstra ter percebido essa situação e anuncia aos quatro ventos que irá lançar candidato majoritário em 2020. Parece ser uma questão de sobrevivência.

Dos que lançaram candidatos isoladamente, destacaram-se o PHS e o PSL. O primeiro com 28.904 e o segundo com 26.723. Cada um elegendo dois vereadores. Tal desempenho demonstra a capacidade desses partidos de concorrerem com tranquilidade diante das novas regras, porque possuem nomes marcados no inconsciente popular.

É claro que não se deve deixar de levar em consideração a candidatura do PHS a prefeito, inegavelmente levando votos aos candidatos a cargos proporcionais. Isso porque nas eleições municipais há um fluxo contínuo de ida e volta entre as duas disputas. Um bom candidato a prefeito carreia votos aos candidatos a vereador e estes levam também votos ao candidato ao Executivo. Não se pode negar a capilaridade dos candidatos ao parlamento municipal.

As coligações realizadas em 2016 demonstram que não houve e nem há uma preocupação de matiz ideológica entre as agremiações coligadas. Basta ver a realizada entre o PP e o PSB, que nacionalmente ocupam posições opostas na defesa de pontos de vista. A exemplo, o PP é a favor da reforma da previdência e o PSB contra, mas quando se fala em ganhar as eleições as diferenças podem ser deixadas de lado, nem que seja momentaneamente.

Para quem defende as chapas “puro sangue” será uma grande oportunidade para a comprovação de suas posições. As velhas e novas raposas, sempre bastante felpudas, estão armando suas estratégias para a disputa eleitoral do próximo ano. Comecem os jogos.

*Roberto Veloso é ex-presidente da Associação dos Juízes Federais do Brasil – AJUFE

domingo, 1 de setembro de 2019

DIAGNOSE - DICA DE SAÚDE - SETEMBRO AMARELO

O Setembro Amarelo é uma campanha criada com o intuito de informar as pessoas sobre o suicídio, uma prática normalmente motivada pela depressão. Mesmo com tantos casos notórios, crescentes a cada ano, ainda existe uma expressiva barreira para falar sobre o problema.

Segundo dados recolhidos em 2012 pela Organização Mundial de Saúde (OMS), mais de 800 mil pessoas tiram a própria vida todos os anos, sendo 75% destes indivíduos moradores de países de baixa e média renda. Estima-se que no mundo acontece um suicídio a cada 40 segundos.

Atualmente, o suicídio é a segunda principal causa de morte entre jovens com idades entre 15 e 29 anos. Todos os dias, pelo menos 32 brasileiros tiram suas próprias vidas. Todos esses números poderiam ser evitados ou reduzidos consideravelmente se existissem políticas eficazes de prevenção do suicídio.

Como o Setembro Amarelo começou?


A campanha teve início no Brasil, em 2015, pelo Centro de Valorização da Vida (CVV)Conselho Federal de Medicina (CFM) e Associação Brasileira de Psiquiatria (ABP). As primeiras atividades realizadas pelo Setembro Amarelo aconteceram na capital do país, Brasília. Entretanto, já no ano seguinte várias regiões de todo o país aderiram ao movimento e também participaram.

Associação Internacional para a Prevenção do Suicídio (IASP) estimula a divulgação da causa em todo o mundo no dia 10 de setembro, data na qual é comemorado o Dia Mundial de Prevenção ao Suicídio.

Esta data foi criada em 2003 pela Associação Internacional para a Prevenção do Suicídio e pela Organização Mundial de Saúde, com o objetivo de prevenir o ato do suicídio, através da adoção de estratégias pelos governos dos países. Neste dia, realizam-se cerca de 600 atividades em 70 países do mundo salvar vidas.

Objetivos do Setembro Amarelo


O principal objetivo da campanha Setembro Amarelo é a conscientização sobre a prevenção do suicídio, buscando alertar a população a respeito da realidade da prática no Brasil e no mundo. Para o Setembro Amarelo, a melhor forma de se evitar um suicídio é através de diálogos e discussões que abordem o problema.

Suicídio é o ato de tirar a própria vida intencionalmente. Também fazem parte do comportamento suicida os pensamentos, planos e tentativas de morte, assim como os transtornos relacionados ao problema.

Durante todo o mês de setembro, ações são realizadas a fim de sensibilizar a população e os profissionais da área para os sintomas desse problema e para a saúde mental. Assim, fazendo-os entender que isso também é uma questão de saúde pública. Infelizmente para muitos, o suicídio ainda não é visto como um problema de saúde pública, mas sim uma espécie de fraqueza de conduta ou personalidade.

Como identificar alguém que precisa de ajuda e corre risco de suicídio?
Pessoas sob risco de suicídio podem:
·         Apresentar comportamento retraído, dificuldades para se relacionar com família e amigos;
·         Ter casos de doenças psiquiátricas como: transtornos mentais, transtornos de humor (depressão, bipolaridade), transtornos mentais de comportamento pelo uso de substâncias psicoativas (álcool e drogas), transtornos de personalidade, esquizofrenia e transtornos de ansiedade;
·         Apresentar irritabilidade, pessimismo ou apatia;
·         Sofrer mudanças nos hábitos alimentares ou de sono.
·         Odiar-se, apresentar sentimento de culpa, sentir-se sem valor ou com vergonha por algo;
·         Ter um desejo súbito de concluir afazeres pessoais, organizar documentos, escrever um testamento;
·         Apresentar sentimentos de solidão, impotência e desesperança;
·         Escrever cartas de despedida;
·         Falar repentinamente sobre morte ou suicídio;
·         Apresentar um convívio social  conturbado;
·         Ter doenças físicas crônicas, limitantes e dolorosas, doenças orgânicas incapacitantes como dores crônicas, lesões, epilepsia, câncer ou AIDS;
·         Apresentar personalidade impulsiva, agressiva ou humor instável.

Quais os sintomas de depressão que levam ao suicídio?

Se você está deprimido ou angustiado, sem vontade de viver, é fundamental buscar ajuda o mais rápido possível. Existem alternativas ao suicídio e buscar o auxílio adequado é o primeiro passo. Os acompanhamentos médicos e psicológicos são as maneiras mais eficazes de tratamento.
As pessoas que pensam em suicídio normalmente estão tentando fugir de uma situação da vida que lhes parece insuportável, buscando o alívio por:

·   
 Sentirem-se envergonhadas, culpadas ou por se acharem um peso para os demais;
·         Sentirem-se vítimas;
·         Sentimentos de rejeição, perda ou solidão.

O que leva a comportamentos suicidas?

Os comportamentos suicidas são causados por uma situação que as pessoas encaram como devastadoras. Por exemplo:
·         Depressão ou transtorno bipolar;
·         Morte de uma pessoa querida;
·         Trauma emocional;
·         Desemprego ou problemas financeiros;
·         Algum membro da família que cometeu suicídio;
·         Histórico de negligência ou abuso na infância;
·         Não aceitação do envelhecimento;
·         Término de relacionamentos;
·         Não aceitação da orientação sexual ou identidade de gênero;
·         Dependência a drogas ou álcool

Como ajudar?


Para ajudar uma pessoa com comportamentos suicidas, algumas ações são fundamentais, como:
·         Ouvir, demonstrar empatia e ficar calmo;
·         Ser afetuoso e dar o apoio necessário;
·         Levar a situação a sério e verificar o grau de risco;
·         Perguntar sobre tentativas de suicídio ou pensamentos anteriores;
·         Explorar outras saídas para além do suicídio, identificando outras formas de apoio emocional;
·         Conversar com a família e amigos imediatamente;
·         Remover os meios para o suicídio em casos de grande risco;
·         Contar a outras pessoas, conseguir ajuda;
·         Permanecer ao lado da pessoa com o transtorno;
·         Procurar entender os sentimentos da pessoa sem diminuir a importância deles;
·         Aceitar a queixa da pessoa e ter respeito por seu sofrimento;
·         Demonstrar preocupação e cuidado constante.

O que não fazer

Jamais ignore a situação de uma pessoa com comportamentos e pensamentos suicidas. Não entre em choque, fique envergonhado ou demonstre pânico. Não tente dizer que tudo vai ficar bem, diminuindo a dor da pessoa, sem agir para que isso aconteça.
A principal medida é não fazer com que o problema pareça uma bobagem ou algo trivial. Não dê falsas garantias nem jure segredo, procure ajuda imediatamente. Principalmente, não deixe a pessoa sozinha em momentos de crise nem a julgue por seus atos.

Recursos da comunidade e fontes de apoio

Para pessoas com pensamentos suicidas, os primeiras recursos ou fontes de apoio são:
·         Família;
·         Amigos e colegas;
·         Unidades de saúde: CAPS (Centro de Atenção Psicossocial), Unidades de Saúde Família, Clínicas, Consultórios psicológicos, Urgências psiquiátricas.
·         Profissionais de saúde: médicos, psicólogos, enfermeiros, técnicos de enfermagem, auxiliares de enfermagem, agentes de saúde.
·         Centros de apoio emocional: CVV (Centro de Valorização da Vida), ligue para o 188.

·         Grupos de apoio.

A grande maioria das mortes por suicídios podem ser evitadas e o diálogo sobre o assunto é o melhor jeito de fazer isso. Se você ou alguém que você conhece possui pensamentos suicidas, peça ajuda.


Por Dr. Otávio Pinho Filho