Logo no primeiro dia de oitivas, na tarde de ontem, terça-feira (20), o clima esquentou na CPMI dos atos do 08 de janeiro.
Durante a sessão que recebeu o ex-diretor da Polícia Rodoviária Federal, Silvinei Vasques, um bate-boca entre a relatora Eliziane Gama (PSD-MA) e o deputado Delegado Éder Mauro (PL-PA), interrompeu a oitiva.
Eliziane questionava o depoente por um processo administrativo interno da corporação quando parlamentares da oposição começaram a interromper.
“Estou lhe perguntando sobre ação de um fato específico em Goiás, que correu na Justiça Federal, onde o caso era agressão a um frentista que se recusou a lavar uma viatura do frentista. Isso ocorreu ou não, Seu Silvinei?, questionou inicialmente a relatora.
Silvinei negou ter sido condenado: “Não tenho condenação penal nesse caso. O cidadão entrou contra a União por R$ 20 mil e ganhou. Eu não fui sequer chamado para depor”, disse o ex-diretor da PRF que foi interrompido por Eliziane. “Estou fazendo uma pergunta pontual”, afirmou a relatora.
Foi quando Éder Mauro, que não faz parte da comissão, interrompeu o questionamento e começou a gritar: “Ele já respondeu”. Eliziane continuou a insistir na pergunta:
“Estou pedindo que o depoente responda, que ele não enrole. Não vou aceitar que parlamentar nenhum tente cercear a minha voz. Deputado, vossa excelência, nem faz parte da comissão. Vai gritar em outra lugar. Respeite esta comissão, cale a sua boca. Não vou me submeter a esse tipo de agressão”, disse Eliziane Gama.
“Cale a boca não”, seguiu Éder Mauro aos gritos.
Em seguida, o presidente da sessão Arthur Maia (União-BA) suspendeu a sessão sob o argumento de que não quer que o colegiado “vire balbúrdia”.
Negou – Silvinei Vasques, negou que a corporação tenha atuado no segundo turno das eleições para impedir que eleitores do então candidato à Presidência da República Luiz Inácio Lula da Silva (PT) fossem votar.
Ele alega que as regiões que mais foram fiscalizadas foram o Sudeste, Sul e Centro-Oeste, respectivamente, tendo o Norte e o Nordeste ficado empatados na quarta posição. Ao todo, de acordo com o ex-diretor geral da PRF, foram 694 pontos de fiscalização no dia 30 de outubro.
“Se teve alguém que atuou nessas eleições para que tudo ocorresse bem foi a Polícia Rodoviária Federal”, disse o ex-diretor da PRF.
“Grande parte dos nossos policiais também eram eleitores do presidente Lula. É um crime impossível. Não ocorreu e não tem como. Como nós falaríamos com 13 mil policiais no Brasil explicando qual era a forma criminosa de operar sem ter uma conversa de WhatsApp ou Telegram? Sem ter uma reunião com esses policiais, um e-mail enviado? Na Polícia Rodoviária Federal ou em qualquer órgão federal, ninguém consegue fazer uma trama dessa sem ser juntado provas. Isso não existe, não existiu, é fantasiosa”.
Convocado – A CPMI aprovou nesta terça-feira (20) mais uma série de requerimentos de solicitação de informações e convocações para oitivas. Um dos nomes a serem ouvidos pela comissão será o ex-ministro do Gabinete de Segurança Institucional (GSI) do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, general Gonçalves Dias.
Na semana passada, a comissão havia rejeitado a convocação de G. Dias, flagrado interagindo com alguns dos protagonistas dos atos do 08 de janeiro.