domingo, 28 de julho de 2013

UM LOUCO EM NOME DA ARTE
      
Raimundinho
            Se Deus fez o homem a partir do barro, sua cria deixou discípulos e, em particular, um deles que, com alguns traços, criava rostos, corpos, paisagens numa perfeição que dá para refletir se... ninguém é mesmo insubstituível?. Pelas mãos da criatura, a criação, a obra de arte, os dedos, a voz, a inspiração, a poesia, a letra, a melodia, a harmonia, o violão, a canção em si, traduzida em beleza.
Raimundinho com Zé teixe
Adjetivos à parte, esse menino representou, e representou muito bem, o sentimento de toda sua geração e até hoje suas obras ilustram paredes pelo mundo, sua música é tocada por artistas renomados, sua voz é sempre ouvida nas gravações que deixou, seu nome é sempre alvo das discussões mais salutares e sua lembrança é a parte mais viva de toda essa história. Nascido em Ipixuna, hoje São Luis Gonzaga, ele foi batizado com o nome de Raimundo Nonato Campos Lima, que usou apenas para assinar alguns documentos já que era conhecido simplesmente como

Raimundinho e o grupo Nossa Voz
Ray Lima ou Raimundinho. Menino levado, desde muito pequeno já dava traços de uma vida levada a traços, era a atração principal do circo da meninada e naturalmente amava a natureza. Primeiro filho de dona Maria Campos e Seu André, que vieram do Rio Grande do Norte, mais precisamente da cidade de Martins para Ipixuna e logo em seguida mudaram para Bacabal. ele era irmão de Rita de Cássia, Francisco,  Joaquim Neto, Ana e André, o popular Louro, dono do Bar mais comentado da Litorânea.
Raimundinho e Zé Lopes em shpw
Raimundinho foi parte, ou melhor, é parte  fundamental da cultura bacabalense. Ele era artista plástico nato, tocava muito bem seu violão, tinha uma belíssima voz, era um excelente compositor, poeta e fez parte das coletâneas “Nossa Voz” e  “Nossa Voz II” junto com Marcus Maranhão, Marco Boa Fé, Perboire Ribeiro, Assis Viola e Zé Lopes, discos dirigido pelo jornalista Abel Carvalho. Raimundinho também participou do movimento musical com os mesmos artistas para o projeto que deu origem ao Boi Bacaba, onde tem uma parceria com  Marcus Maranhão, Marco Boa Fé, Assis Viola, Abel Carvalho, Louremar Fernandes e Zé Lopes, a toda ”A India”, gravada por Zé Lopes no CD “Aos Brincantes”..Amante de cantorias, ele tinha como ídolos os cantores Xangai e Elomar, dos quais dominava o repertório.Raimundinho casou-se a primeira vez com Liliane com quem teve uma filha, a belíssima Shelida. com a segunda esposa, Lena, teve um casal, Isabela e Ítalo, duas pessoas dotadas do mais alto QI, tendo Ìtalo herdado o dom da música.
Raimundinho com Zé Lopes, Tchacka, Marcelo
Certa vez, eu, Waltinho Carioca e Ana, sua irmã, passávamos um domingo na casa de praia de uma amiga no Araçagy e quando falamos dele, Ana começou a chorar pois ele tinha se jogado no mundo e ninguém sabia de noticias. Para amenizar seu sofrimento, disse que tinha ouvido de alguém que ele estava vindo e que eu levaria ele para casa. Providências de Deus, dias depois,  estava eu no centro da cidade, na Fonte do Ribeirão quando fui chamado e ao olhar para trás era o próprio que me falou que estava vindo de São Paulo e que já estava retornando, e pasmem, a pé. Liguei para Waltinho que levou-o para casa. Daí, ele permaneceu entre nós por uns tempos, sempre com a mesma alegria, com o mesmo carinho. Foi morar em Bacabal por opção e recebeu o carinho de todos e por motivo de
Raimundinho no Festival com cantores
saúde retornou a capital onde precocemente nos deixou, subindo para regar os jardins dos céu, pintar e cantar as canções que acalentam Deus. Raimundinho era o louco mais lúcido que já passou por essa terra e a sua arte ficará pra sempre assim como a sua lembrança que nos enche de saudades e emoção. Raimundinho era mesmo um louco, um louco em nome da arte e toda essa loucura foi perdoada para todos os seculos e seculos sem fim. Amém.

Raimundinho e Serrão

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