Aproveitando uma
oportunidade impar de quitar um carro assumindo as multas, os IPVAs, os seguros
e outras taxas pendentes, fiz um raspa na minha conta, liguei para alguns
amigos, fiz a operação e enfim, comprei o meu primeiro carro. É um Fiat Uno,
ano 2008, mas muito bem conservado. No intuito de arrumá-lo para começar a
negociar os débitos, pedi para um amigo levá-lo na oficina e por infelicidade,
se envolveu em um pequeno acidente, com danos mínimos, mas por imperícia, não
negociou e foi chamada a pericia e por irregularidade na documentação, o carro
foi rebocado para o pátio do DETRAN. Até aí tudo bem, pagaria as taxas e
tiraria o carro, pensei eu. Era domingo.
Chamam isso de fila |
Na segunda feira, eu e
meu amigo, fomos até a Secretaria de Fazenda, puxamos os débitos do automóvel,
fomos na casa da vendedora pegar uma procuração, fomos no cartório reconhecer a
firma e de lá para o Banco do Brasil onde pagamos tudo que o carro devia.
Estava solucionado o problema??? Não, aí começou a tortura. Lentamente caia as
taxas e quatro dias depois, quando fomos tirar os documentos para retirar o
carro, apareceu mais quatro taxas, duas multas e dois seguros. Pagamos e na
quinta feira o pagamento caiu no sistema. Na sexta-feira, já com tudo liberado,
fomos com a procuração tirar os documentos e ela já não valia mais, tivemos que
fazer outra e ir na casa da vendedora para ela novamente assinar. Ao chegar no
cartório do Dr. Braúna, tivemos a grata surpresa de uma jovem dizer que as
assinaturas estavam diferentes, falamos com o tabelião Braúna que afirmou
categoricamente que reconhecia que a assinatura era da pessoa mas que as três últimas
letras estavam tremidas.
Fila quilométrica para pagamentos de taxas |
Aquela ação deixou em alta, a minha
baixo-estima e voltamos ao DETRAN, mostramos ao diretor operacional, ele
autorizou a liberação do documento, mas uma senhora disse que não entregaria,
só com a procuração e eu falei que o carro estava com o vidro quebrado e podia
chover e ela me disse – vamos trabalhar com a hipótese de que não vai
chover, como se eu fosse Deus ou São Pedro. Na sexta-feira, logo cedo, fui
ao cartório e apresentei a mesma procuração e reconheceram a firma, pode.
Apresentei, recebi o documento do carro e
fui para o setor de apreensão, uma salinha toda fechada, sem ar condicionado,
um calor infernal, uma fila totalmente desorganizada e apenas dois funcionários
para dois computadores, aprendi até os nomes, Jorge e Bruno que como heróis,
fazem milagres para atenderem dezenas de pessoas com os mais diferentes tipos
de problemas. Vale ressaltar o heroísmo também de Carlito Longar, o
que organiza os papéis e de Sidney, o vistoriador. Esses quatro super-homens,
apenas eles, com as mínimas condições de trabalho, são os grandes responsáveis
pelo setor mais pesado do DETRAN.
Carros apodrecendo no pátio do Detran |
Entreguei os documentos para a liberação
do carro e mais uma vez esbarrei na burocracia, apesar de ter a procuração que
me delegava todos os direitos sobre o automóvel, a xerox da identidade da
vendedora não estava autenticada e tudo ficou para segunda-feira.
Na segunda, fui cedo buscar a senhora,
levei-a ao cartório e fiz a operação. De volta ao DETRAN, consegui que o
vistoriador avaliasse o carro. Com um problema em um número que não
estava bem legível, tive que assinar um termo em três vias, reconhecer a firma.
Cheguei no cartório do Titto Soares onde tenho firma, por não levar minha
identidade, não pude reconhecer e mais uma vez esbarrei na tal “BURROCRACIA”,
então, pra que eu registrei uma firma lá?
Voltei, peguei minha cédula de identidade,
que a menina que reconheceu a firma, nem olhou e fui tirar o carro em meio a
tantos carros que apodrecem no patio do DETRAN por falta de uma politica de
agilidade funcional. Foram doze dias de tortura.
Agora veja, como pode um órgão que só
arrecada, onde tudo é taxado, onde o item mais barato da lanchonete é R$
3,50, onde as filas dobram quarteirão para pagamentos, no seu setor primordial,
ter apenas dois computadores e quatro funcionários para uma capital inteira?
Por isso é que tem a famigerada propina, a corrupção. De tanta BURROCRACIA, de
tanto vender dificuldades, aparece sempre um para vender facilidades. De quem é
a culpa? A direção do DETRAN tem lá sua parcela por não comprar computadores e
não contratar pessoas habilitadas mas a maior culpa, é de uma burocracia
cartorial que se arrasta desde o tempo em que Deus era menino e perambulava
pelo Brasil, Brasil que até hoje expõe a vergonha de um selo, um carimbo e uma
assinatura de uma funcionária bem vestida de um cartório, ou mesmo de um
tabelião, valer mais que um homem presente, com todos os seus documentos em
dia. Que país é esse.
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