Resultado da economia brasileira
divulgado nesta sexta vai, segundo cientistas políticos, servir de munição para
adversários e pode favorecer Marina
- A
queda de 0,6% do Produto Interno Bruto (PIB) no segundo trimestre deve gerar
impactos para a campanha eleitoral da presidente Dilma Rousseff (PT), candidata
à reeleição. Na avaliação de especialistas, o índice vai abastecer as campanhas
adversárias e pode contribuir para o desempenho de Marina Silva (PSB) em
futuras pesquisas de intenção de voto.
Para
Marco Antônio Carvalho Teixeira, cientista político e professor da Fundação
Getúlio Vargas, o cenário deixa a campanha de Dilma mais vulnerável. "Ela
vai ter que ser forçada a se explicar", afirmou, destacando que a economia
talvez seja o ponto mais vulnerável da petista. "Os adversários já vinham
batendo nela sobre a capacidade de tocar a política econômica." Para o
analista, Dilma adotará o mesmo discurso da crise internacional, pois ela não
tem saída. "Ela vai dizer que poderia estar pior e que o cenário para os
próximos meses é de recuperação", avaliou.
Teixeira
afirmou que alguns economistas também preveem uma melhora nos próximos meses,
como consequência das medidas setoriais que o governo vem tomando. "Mesmo
assim, o PIB vulnerabiliza a Dilma ainda mais e vai desconstruindo o discurso
da equipe econômica de um segundo semestre forte", disse, acrescentando
que isso complica ainda mais a relação da campanha petista com os agentes econômicos
e deve se refletir na dificuldade de captação de recursos.
Segundo
ele, "não tem como" a desaceleração e a recessão não estarem na
agenda das campanhas. Para Teixeira, isso ocorrerá em um primeiro momento nos
programas eleitorais e deve culminar no debate que será promovido pelo SBT na
próxima segunda-feira, 1º de setembro.
O
cientista político avaliou também que o resultado ruim não deve se refletir
muito objetivamente nas pesquisas de intenção de voto, uma vez que o cenário
ainda não afeta significativamente a renda e o emprego. "Se a economia
desacelera, o mercado de trabalho vai sentir em breve, mas provavelmente depois
das eleições. Silenciosamente, sabemos que já tem setores da indústria mandado
funcionários para casa", afirmou, citando a General Motors como exemplo.
"Alguns setores estão simplesmente demitindo. Se não houver um
reaquecimento logo sentiremos isso no final do ano."
Jogo
contra. A recessão técnica é mais um fator que "joga contra"
a campanha de reeleição da presidente Dilma Rousseff (PT), na avaliação do
cientista político Rafael Cortez, da Tendências Consultoria Integrada. Segundo
ele, o cenário mais provável é de que isso contribua para manter a petista
atrás de Marina Silva (PSB) nas intenções de voto para o segundo turno.
Apesar
do cenário mais negativo, Cortez afirma que a queda de 0,6% do Produto Interno
Bruto (PIB) no segundo trimestre deste ano, na comparação com os três meses
anteriores, não deve derrubar as intenções de voto na presidente, uma vez que o
mercado de trabalho continua "razoavelmente positivo". "A
intenção de voto na Dilma está muito próxima do patamar de ótimo e bom. Esse
eleitorado não deve mudar em função do resultado", apontou.
Segundo
ele, a parcela de eleitores que avalia o governo Dilma como regular pode acabar
sendo mais influenciada pelo cenário. Na última pesquisa Ibope, esse eleitorado
representava 36% dos entrevistados, enquanto 34% avaliaram a gestão como boa ou
ótima.
Dilma
deve ser cobrada pelo resultado no debate promovido pelo SBT na próxima segunda
e Cortez avalia que a tendência é de que ela mantenha a mesma retórica para
explicar o resultado ruim e a recessão técnica, afastando-se dos fatores
domésticos e repetindo o discurso sobre a crise internacional. "Isso
embora os dados desmintam esse diagnósticos. Se compararmos o crescimento
brasileiro ao longo do mandato de Dilma com os demais países parceiros da
região, veremos um quadro em que o Brasil cresce abaixo da média, o que
configura esse quadro eleitoral muito disputado", afirma.
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