A
relação entre Luis Inácio Lula da Silva e Dilma Rousseff parece ter chegado ao
seu pior momento. Em uma conversa na semana passada, o tom do ex-presidente e
padrinho político da petista foi de broncas e cobranças.
Segundo a coluna de Raymundo Costa, do jornal Valor Econômico,
enquanto estavam a sós, Lula teria elevado a voz para Dilma mais de uma vez - e
as pessoas que aguardavam para a reunião que ocorreria logo em seguida teriam
ouvido tudo.
De acordo com o
colunista, o ex-presidente teria deixado claro que não irá mais a Brasília
conversar com Dilma se ela não fizer as mudanças necessárias no governo. Esta
teria sido a primeira vez que Lula levantou a voz para Dilma.
Lula teria falado também sobre a
necessidade de mudanças na equipe política, incluindo substituir Aloizio
Mercadante na Casa Civil por Jaques Wagner, atual ministro da Defesa. O
ex-presidente também teria cobrado a designação de um papel especial para o vice-presidente
Michel Temer, do PMDB.
A bronca sobrou para
a atuação de Dilma também. Lula teria dito que a presidente precisa dialogar
mais, pois o Brasil é um país muito complexo e não poderia ter uma governante
que não exercite a boa prática do diálogo.
Lula
tem razão em estar impaciente. Afinal, a crise política e econômica enfrentada
por Dilma já começa a afetar também a imagem do ex-presidente. Segundo pesquisa
Datafolha feita após os protestos do dia 15 de março, 67,9% dos brasileiros
consideram que Lula tem culpa no caso de corrupção na Petrobras.
Além disso,
levantamentos internos do PT apontam que o partido perderia seu posto de
campeão do voto de legenda se as eleições fossem disputadas hoje. Segundo a
pesquisa, a sigla conseguiria 10% dos votos de legenda - nas últimas duas
décadas e meia, essa porcentagem ficou em torno de 30%.
Respostas
Nesta segunda-feira,
a presidente Dilma Rousseff comunicou Lula e o partido que está disposta a mudar as
medidas provisórias 664 e 665, que restringem a concessão de benefícios
trabalhistas e são parte do ajuste fiscal proposto pelo ministro da Fazenda,
Joaquim Levy.
A sinalização de
Dilma é vista com otimismo pelo partido que considera o ajuste fiscal o
principal motivo de desgaste da presidente neste segundo mandato. As medidas
afastaram o governo do PT de movimentos historicamente ligados ao
partido.
Lula também faz parte
dessa negociação. Na noite de ontem, o ex-presidente se reuniu com o presidente
da Central Única dos Trabalhadores (CUT), Vagner Freitas, com o senador Paulo
Paim (PT-RS), e com o presidente nacional do PT, Rui Falcão, em São Paulo.
A preocupação de Lula
é evitar que aliados tradicionais do PT abandonem a base de apoio ao governo
caso se não haja uma mudança significativa no projeto.
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