Em
defesa apresentada ao Tribunal de Contas da União (TCU), o ex-diretor de
Abastecimento da Petrobras Paulo Roberto Costa, que depõe hoje à CPI que
investiga esquema de corrupção na estatal, responsabilizou a presidente Dilma
Rousseff pela compra da refinaria de Pasadena, nos EUA, em 2006.
O
documento entregue pelos advogados do ex-executivo, que é um dos delatores da
Operação Lava Jato, lembrou que coube à então chefe da Casa Civil do governo
Lula e presidente do Conselho de Administração da estatal assinar, em 2006, a
aquisição da planta de refino. "É claro e evidente que a decisão de compra
dos 50% da PRSI (Refinaria de Pasadena, na sigla em inglês) foi tomada pelo
Conselho de Administração de 2006, da Petrobras, assinada pela então presidente
do conselho, Dilma Vana Rousseff", afirma a defesa.
O
TCU apontou prejuízo de US$ 792 milhões no negócio, feito em duas etapas, entre
2006 e 2012. A corte bloqueou bens de 10 dirigentes e ex-dirigentes da empresa,
entre eles Costa.
O
ex-diretor é responsabilizado por parte das perdas, no valor de US$ 580
milhões, por ter aprovado em valor superior ao que seria justo e
desconsiderando riscos. Nos depoimentos prestados ao Ministério Público Federal,
em regime de delação premiada, ele admitiu ter recebido propina para "não
atrapalhar o negócio".
A
indisponibilidade patrimonial determinada pelo TCU não alcança integrantes do
Conselho de Administração, responsável por aprovar, em última instância, os investimentos
da estatal. Mas o tribunal ressalvou que, a depender das provas apuradas no
decorrer do processo, eles ainda podem ser implicados.
Dilma
chefiou o colegiado de 2003 a 2010. Em março do ano passado, em nota ao Estado,
ela disse que, ao aprovar a compra de Pasadena, se embasou em parecer
"técnico e juridicamente falho" sobre o negócio, apresentado pelo
então diretor Internacional da companhia, Nestor Cerveró, atualmente preso por
suposto envolvimento no esquema de corrupção da Petrobras. O documento omitia
cláusulas do contrato consideradas prejudiciais à estatal.
Estratégia
A
linha de culpar o Conselho de Administração por Pasadena é a mesma adotada por
outros executivos com bens bloqueados, como Cerveró, o ex-presidente da
Petrobras José Sergio Gabrielli e o ex-diretor de Serviços Renato Duque, também
preso na Lava Jato. "O conselho era o único competente para aprovar a
compra, com ou sem as cláusulas", afirma Costa na defesa entregue ao.
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